RESENHA CRTICA: O Grande Circo Mstico
O resumo da histria tenta ser o mais simples e singelo possvel, num tom de fantasia e alegoria. Assim vo se desenrolando os fatos e romances, como final, um belo e encantador momento de dana e sonho
O Grande Circo Místico
Brasil, 18. 1h45. Direção de Carlos (Cacá) Diegues. Roteiro de Cacá, Carlos Moura, Poema de Jorge de Lima. Com Vincent Cassel, Antonio de la Cruz, Mariana Ximenes, Dawid Ogronovik, Bruna Linzmeyer, Jesuita Barbosa, Catherine Moucht, Juliano Cazarré, Marcos Frota, Antônio Fagundes. Música de Chico Buarque e Edu Lobo.
Selecionado para representar o Brasil na corrida do Oscar deste ano, teve sua pré-estreia européia no Festival de Cannes (onde o diretor é sempre querido!) e foi o filme de abertura do Festival de Gramado. Na verdade, Cacá, como é chamado, é provavelmente o diretor brasileiro com uma carreira mais notável, denunciando sempre uma paixão pela música (assim assinou entre outros, Xica da Silva, Joanna Francesa com Jeanne Moreau, Orfeu, Tieta do Agreste, Veja esta Canção, Dias Melhores Virão, Bye Bye Brasil e outros). Isso explica este ambicioso projeto que nasce a partir do show de dança e música, que eram originalmente um espetáculo de dança/balé, criados por Chico Buarque e Edu Lobo (e hoje todas as canções são clássicas e servem como fio narrativo para a história de um grupo de pessoas que trabalham num circo modesto e mambembe). O prestígio do diretor se confirma pela presença de um grande elenco liderado pelo ator Frances Vincent Cassel (que tem casa no Brasil e de tempos em tempos baixa por aqui além de falar fluentemente a nossa língua), que mantém esse tipo de carreira internacional e é filho de um celebre ator da Nouvelle Vague Francesa já falecido Jean Pierre Cassel.
O resumo da história tenta ser o mais simples e singelo possível, num tom de fantasia e alegoria, descrevendo a história como a de uma família os Knieps, uma família australiana dona de circos. Assim vão se desenrolando os fatos e romances, onde eu destaco dois momentos marcantes, um deles é a presença do nordestino Jesuita Barbosa, que faz o talentoso faz-tudo no circo (ele teve sucesso já em filmes como Tatuagem, Praia do Futuro, Malasartes e o Duelo com a Morte). Minha sequência favorita é, porém, ao final, um belo e encantador momento de dança e sonho, que será, sem dúvida, antológico. Será que o filme terá chance de concorrer ao Oscar? Difícil de dizer, ainda com o crescente número de representantes e o muito promovido mexicano Roma.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.