A Vertigem No Vazio
Faz parte do jogo de bilheteria do cinema um filme como O exterminador do futuro: destino sombrio, uma autentica megalomania comercial em filme
James Cameron, um dos nomes estimados da indústria americana de cinema, dirigiu o primeiro filme em 1984 e depois o que lhe sobreveio em 1991. Agora ele é o produtor. Tim Miller dirige O exterminador do futuro: destino sombrio (Terminator: dark fate; 2019), que resgata das trevas a personagem homem-máquina do ator Arnold Schwarzenegger que sempre fez seus estragos no universo dramático da história policial-futurista e, claro, nas cabeças de seus cativos espectadores, educados pela maneira hollywoodiana de fazer cinema.
Miller é um artesão sem personalidade própria na direção. Faz o que precisa ser feito para manter as plateias habituais da aventura. A narrativa mostra, em seu início, o velho Arnold com seu poder de extermínio, matando o filho adolescente duma mulher. O que se vê depois é a caçada que um outro exterminador, jovem e furioso, empreende para matar uma moça mexicana onde a encontrar; Arnold reaparece, vemos, porém bonzinho e parece arrependido de suas vilanias e truculências antigas, e prefere auxiliar o lado bom humanidade, este ex-exterminador; Arnold passa então a ter uma interpretação incaracterística, e situa-se ao de leve disfarçado sob sua barba.
Faz parte do jogo de bilheteria do cinema um filme como O exterminador do futuro: destino sombrio, uma autêntica megalomania comercial em filme. A vertigem no vazio que caracteriza as acrobacias visuais a que se expõe a produção não deixa de ser delirante. Mas embota os sentidos do espectador, pela forma desorientada e sem função com que tudo é executado. Mas isto não vai importar muito para aquele que já cativado desde o embrião por esta forma narrativa, que se modifica só superficialmente ao longo das décadas; talvez porque as gerações de públicos não mude em sua essência na forma de recepcionar um filme.
(Eron Duarte Fagundes – eron@dvdmagazine.com.br)
Sobre o Colunista:
Eron Duarte Fagundes
Eron Duarte Fagundes é natural de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, onde nasceu em 1955; mora em Porto Alegre; curte muito cinema e literatura, entre outras artes; escreveu o livro Uma vida nos cinemas, publicado pela editora Movimento em 1999, e desde a década de 80 tem seus textos publicados em diversos jornais e outras publicações de cinema em Porto Alegre. E-mail: eron@dvdmagazine.com.br