Duna e o Futuro da Terra

Frank Herbert fez de seu romance Duna (1965) um dos mais comentados trabalhos de ficcao cientifica do seculo XX

13/11/2021 02:00 Por Eron Duarte Fagundes
Duna e o Futuro da Terra

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Frank Herbert fez de seu romance Duna (1965) um dos mais comentados trabalhos de ficção científica do século XX, o século por excelência deste gênero literário em que se antecipam as relações da vida humana com a evolução da ciência. Duna, por sua grandiloquência de cenários e situações, chamou a atenção do cinema, no passado a excentricidade do diretor americano David Lynch (cujas interferências comerciais do produtor Dino de Laurentiis são clássicas e anedóticas), nos dias atuais os pequenos delírios do canadense Denis Villeneuve. Mas Herbert, por suas características eminentemente literárias, apesar de fazer transbordar sua imaginação dos fatos grandiosos, sobrevive para além de sua conexão com o universo cinematográfico, que o ajuda, é claro, a propagar-se.

Duna pretende ser um relato dum planeta futurista em que a questão ecológica se tornou central. No século XXI, estamos com um pé neste planeta. Paul Atreides é a personagem central; em torno dele, e buscando influenciá-lo, uma série de criaturas estranhas e definitivas se movem, criando um espaço humano por aproximação. “—Cada arbusto, cada erva que você vê lá fora no erg —ela disse,— como acha que conseguem sobreviver quando os abandonamos? Cada um deles é plantado com todo o amor em seu próprio buraquinho. Os buracos são preenchidos com ovos macios de cromoplástico. A luz faz com que fiquem brancos. Dá para vê-los cintilar ao amanhecer, se olharmos de um lugar alto. Reflexos brancos. Mas quando o Velho Pai Sol se vai, o cromoplástico fica transparente no escuro. Esfria com extrema rapidez. A superfície condensa a umidade do ar. Essa umidade escorre e mantém nossas plantas vivas.”

Mas Duna, como este próprio planeta em que vivemos, traz o outro lado da coisa, seu antípoda: as relações protofascistas entre os indivíduos à medida que o tamanho e a complexidade espaciais aumentam: “A liberdade diminui à proporção que os números aumentam.” E resta a perplexidade: “A pergunta, no caso dos seres humanos, não é quantos conseguirão sobreviver dentro do sistema, é que tipo de vida levarão aqueles que sobreviveram.” A sensação, hoje, é que, sem se valer duma nave espacial, estamos jogados dentro do planeta Duna.

 

(Eron Duarte Fagundes – eron@dvdmagazine.com.br)

 

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Sobre o Colunista:

Eron Duarte Fagundes

Eron Duarte Fagundes

Eron Duarte Fagundes é natural de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, onde nasceu em 1955; mora em Porto Alegre; curte muito cinema e literatura, entre outras artes; escreveu o livro ?Uma vida nos cinemas?, publicado pela editora Movimento em 1999, e desde a década de 80 tem seus textos publicados em diversos jornais e outras publicações de cinema em Porto Alegre. E-mail: eron@dvdmagazine.com.br

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