Uma das maiores bailarinas da história dos musicais hollywoodianos, e dona de um belíssimo par de pernas assegurado em US$5 milhões, que quase meio século depois, entrou para a edição do Guinness Book de 2001 como as pernas mais valiosas do mundo. Ela é uma das seis atrizes que alcançaram o feito de ter dançado com as duas maiores lendas do gênero: Fred Astaire e Gene Kelly. Ela faria 100 anos hoje, justamente no dia internacional da mulher. Celebremos então a lenda de Cyd Charisse.

Nascida no estado do Texas em 8 de março de 1922, Tula Ellice Finklea (seu nome de batismo) aprendeu balé desde cedo e aos 13 anos já havia se juntado ao balé Russo e viajado pela Europa quando mudou o nome para Maria Istomina, e depois Felia Sidorova. Casou-se cedo, aos 17 anos, com Nico Charisse, seu professor de dança. Pouco antes do fim da Segunda Guerra Mundial, voltou para os Estados Unidos, sendo contratada pela Columbia para “Canta, Coração” (Something to Shout About) de 1943, sendo creditada como Lily Norwood. Da Columbia foi para a Warner até atrair a atenção de Robert Alton, o mesmo coreógrafo que lançara Gene Kelly, o que a levou a uma breve participação ao lado de Fred Astaire em “Ziegfield Follies”, lançado dois anos depois. Louis B. Mayer, o todo poderoso chefão da Metro ficou impressionado com ela, e com sua semelhança com Ava Gardner. Foi assim que Mayer entrou em contato com a Warner e negociou o contrato da atriz.

Mudar para um nome artístico mais apropriado não foi difícil para Tula, quando lembrou que seu irmão mais novo não conseguia dizer “sister” (irmã), chamando-a de “sid”. Mudando a grafia para Cyd (evitando ser confundida com um apelido masculino) e acrescentando o sobrenome de seu marido, nasceu a estrela que marcaria a história dos musicais. Divorciada, sua carreira foi crescendo, e logo apareceu ao lado de Ricardo Montalban em “Festa Brava” (1947), e ao seu lado voltou a aparecer mais 5 filmes, mas foi em “Cantando na Chuva” (Singing in the Rain), de 1952, que seu brilho alcançou a eternidade dançando ao lado de Gene Kelly na cena final, no número de "Broadway Melody" tal qual um sonho fazendo uma femme fatale, arrasando com os corações da plateia masculina. Já casada pela segunda vez, com Tony Martin, Cyd havia entrado para o primeiro escalão de estrelas MGM quando dançou ao lado de Fred Astaire em “A Roda da Fortuna” (The Band Wagon) em 1953. Fred a chamou de “Beautiful Dynamite” (Bela Dinamite) e voltou a dançar com ela em “Meias de Seda” (Silk Stalkings), refilmagem de “Ninotchaka”. Curiosamente, apesar de todo o sucesso e reconhecimento artístico, Cyd sempre foi dublada nas cenas de canto de seus filmes.

Na virada dos anos 50 para os 60, veio o declínio dos musicais de Hollywood e Cyd se aposentou da dança. Fez uma participação menor, mas ainda extremamente bela em “O Agente Secreto Matt Helm” (The Silencers) em 1966, ao lado de Dean Martin. Nas décadas de 70 e 80 teve participação em séries de Tv de grande popularidade como “A Ilha da fantasia”, “Duro na Queda” e “Faro fino”, e ainda em documentários sobre a Era de Ouro do cinema americano. Aos 86 anos, Cyd morreu em 17 de junho de 2008, depois de ter sofrido um ataque cardíaco. O cinema perdeu uma de suas maiores estrelas, e o céu ganhou mais uma estrela, inesquecível dançarina de talento e beleza que cabe nesse dia internacional da mulher como exemplo de graça, sofisticação e talento para nos fazer dançar pela eternidade.