Galeria de Estrelas: Centenario de Lana Turner

Lembremos da vida e dos trabalhos que fizeram de Lana Turner uma das maiores atrizes de sua epoca

08/02/2021 14:03 Por Adilson de Carvalho Santos
Galeria de Estrelas: Centenario de Lana Turner

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Uma beleza fatal; que seguindo o estigma das grandes estrelas de Hollywood, teve uma carreira brilhante e glamorosa em contraste com uma vida particular tumultuada e trágica, na qual a infelicidade bateu à sua porta. Seu auge foi nos anos 40 e 50, e hoje 100 anos depois lembremos da vida e dos trabalhos que fizeram de Lana Turner uma das maiores atrizes de sua época.

 Nascida Julia Jean Mildred Frances Turner em 8 de fevereiro de 1921 em Wallace, Idaho. Lana Turner, segunda reza a lenda nasceu quando foi observada por um caçador de talentos tomado Coca Cola em uma lanchonete. Seu primeiro papel é o de uma jovem estudante assassinada em “Esquecer Nunca Mais” / They Won’t Forget (1937), 16 anos, e apesar de ser um papel menor, foi não apenas notada, mas também chamada de “Garota do Sweater” da MGM pelo vislumbre extremamente sensual da citada peça de vestuário que realçava sua bela forma. Lana foi ganhando mais espaço, participando também de “ O Amor encontra Andy Hardy” / Love finds Andy Hardy (1938), quarta fita de uma série estrelada por Mickey Rooney. Lana é coadjuvante mas atrai as atenções por sua imagem provocante. Louis B. Mayer era uma raposa e tinha seus planos para a estrela em potencial, e depois de alguns papeis menores se juntou ao elenco de “O Mundo é um Teatro” / Ziefeld Girl (1941), uma comédia musical convencional na qual dividia a tela com Judy Garland e Hedy Lamarr. No roteiro original, o personagem de Lana morria no final, mas a reação extremamente negativa das plateias nas exibições teste levou a MGM a reeditar o final de forma que o destino de sua personagem ficasse em aberto. Para a MGM era sinal que Lana seria um tesouro a se explorar em novas produções.

 Em 1941, a MGM refilmou “O Médico & O Monstro” / Dr. Jekyl and Mr. Hyde e incluiu Lana no papel da noiva do personagem-título. Apesar de ser um papel sem nenhum desafio, que sequer existe no romance de Robert Louis Stevenson, era a beleza de Lana aos 20 anos que interessava à Metro. Na época, Lana já estava casada com o jazzista Artie Shaw, uma união breve e a primeira de oito tentativas de viver um happy end em sua vida pessoal, o que jamais aconteceu.

 O papel de femme fatale definiu sua imagem nas telas a partir de “O Destino bate à sua porta”/ The Postman Always Rings Twice (1946), um de seus grandes sucessos. Lana contrasta a imoralidade de suas ações no filme usando branco o tempo todo. Sua personagem é uma mulher adultera que se junta ao amante para assassinar seu marido. O papel impressionou e arrancou elogios da imprensa para a presença sedutora de Mrs. Turner. O filme foi um sucesso de bilheteria e a Metro, mais que satisfeita, decidida a investir no estrelado da atriz. Assim em 1948, seu sex-appeal explodiu em cores, pela primeira vez no esplendor do Technicolor, no papel de Milady de Winter em “Os Três Mosqueteiros” / The Three Musketeers. A princípio a atriz não se interessava pelo papel por considerá-lo por demais secundário. Discordâncias levaram a MGM a suspendê-la e até mesmo a considerar substituí-la, quando ela se retirou por três dias para se casar, mas o público queria mais de Mrs. Turner, e Louis B. Mayer sabia do poder de fogo de sua estrela, vindo a renegociar seu contrato incluindo aumentando o tempo em cena de sua personagem e um aumento de salário.

 “Perdidamente Tua” / A Life Of Her Own (1950) de George Cukor teve recepção morna, seguido do fracasso do musical “É Proibido Amar”/ Mr. Imperium (1950) que tiveram um impacto horrível para a diva que mergulhou em depressão e em uma tentativa de suicídio. Recuperada, filmou “A Viúva Alegre” / The Merry Widow (1952) onde conheceu o ator Fernando Lamas. Ambos tiveram um curto e tempestuoso romance que terminou com Lana agredida pelo ator. Apesar do amargo incidente e de críticas desfavoráveis ao filme, este se mostrou um sucesso comercial. O grande triunfo que veio a mostrar seu talento dramático veio em 1952, dirigida por Vincent Minelli em “Assim Estava Escrito” / The Bad & The Beautiful, no papel de uma estrela de cinema alcoolatra. Apesar da excelente resposta de público e crítica, Lana não conseguiu ser incluída entre as seis indicações ao Oscar. Sua vida pessoal não estava melhor, já havia se casado e separado por três vezes quando se envolveu com o ator Lex Barker, na época intérprete de Tarzan nas telas. Ambos ficaram casados por quatro anos, terminando em 1957 em meio a um terrível escândalo. Barker era acusado de ter estuprado Cheryl, a filha pré-adolescente do segundo casamento de Lana. O amor e a felicidade pareciam ser papéis jamais feitos para a atriz, que chegou a se apaixonar por Tyrone Power, um dos maiores astros da Twentieth Century Fox. Como na época o star-system controlava a vida pessoal dos astros de Hollywood, Louis B. Mayer se assegurou que sua estrela se mantivesse longe de Power.

 Destino pior se deu na vida de Turner quando ela se envolveu com o gangster Johnny Stampanato. Este a assediou, insistiu e a acercou de agrados até se tornar seu amante. O relacionamento era abusivo e violento ao ponto de Stampanato ser expulso de Londres, onde Lana Tuner filmava “ Vítima de uma Paixão” / Another Time Another Place (1958). Enciumado com os rumores de que Lana estaria tendo um caso com Sean Connery, o gangster invadiu os sets de filmagem e ameaçou tanto Lana quanto Connery, que reagiu dando uma surra em Stampanato. No mesmo ano, outro incidente foi quando Lana não levou o amante à cerimônia de entrega dos Oscar, onde estaria pela primeira vez concorrendo pelo excelente papel em “A Caldeira do Diabo” / Peyton Place (1957). Mais brigas se seguiram até a fatídica noite de 4 de abril de 1958. Stampanato agrediu Turner ameaçando-a se ela o abandonasse, quando Cheryl, a filha de 14 anos de Lana, esfaqueou o padrasto, matando-o instantaneamente. O crime ganhou as primeiras páginas e a carreira de Lana parecia um vendaval de escândalos e decepções que eclipsava seu talento. No julgamento do caso, Cheryl foi absolvida por legítima defesa, tendo escrito anos depois em sua autobiografia que tinha orgulho de ter salvado sua mãe.

 Um ano depois o sucesso sorriu para a atriz novamente quando filmou “Imitação da Vida” / Imitation of Life (1959) contracenando com a jovem Sandra Dee, no papel conflituoso de mãe e filha que parecia espelhar sua própria vida pessoal. Seu espaço nas telas com grandes papéis se reduziram. Mesmo com uma atuação digna de nota em “Madame X” / Madam X (1966), crítica e público pareciam perder o interesse naquela que foi uma das maiores estrelas da antiga Hollywood. Na Tv, na década seguinte Lana Turner conseguiu papéis de destaque nas séries “Falcon Crest” (1982) e “O Barco do Amor” / The Love Boat (1985), depois das quais se aposentou definitivamente da atuação. Sua saúde se deteriorou ao longo dos anos que se seguiram, um terrível preço pago pelos anos bebendo e fumando. Em 29 de junho de 1995 o câncer de garganta a levou, mas não apagou sua forte presença nos 61 filmes que fez, fosse ou não a protagonista, mas sempre uma estrela, uma lenda que o amor nunca encontrou, mas que jamais será esquecida.

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Sobre o Colunista:

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos e' professor de Portugues, Literatura e Ingles formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela UNIGRANRIO. Foi assistente e colaborador do maravilhoso critico Rubens Ewald Filho durante 8 anos. Tambem foi um dos autores da revista "Conhecimento Pratico Literatura" da Editora Escala de 2013 a 2017 assinando materias sobre adaptacoes de livros para o cinema e biografias de autores. Colaborou com o jornal "A Tribuna ES". E mail de contato: adilsoncinema@hotmail.com

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