RESENHA CRTICA: O Protetor (The Equalizer)

Rubens Ewald Filho: Numa temporada muito fraca em policiais e thrillers este o meu preferido este ano.

23/09/2014 15:45 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: O Protetor (The Equalizer)

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O Protetor (The Equalizer)

EUA, 14. 131 min. Direção de Antoine Fuqua. Com Denzel Washington, Marton Csokas, Chloe Grace Moretz, Bill Pullman, David Harbour, Melissa Leo, Harley Bennett, David Meunier.

 

Faz tempo que eu não vejo um bom thriller policial como este, que tem uma origem não muito nobre. Ele é inspirado numa série de TV chamada The Equalizer, que apesar de ter sido sucesso, num total de 88 episódios (1985-90). Foi naquela época em que os seriados não eram importados e muito menos as TVs se davam ao trabalho de exibi-los. Eu me lembro de ter visto dois episódios no exterior e segundo o Paulo Gustavo chegou a sair um episódio em Home Video VHS. Mas era de origem britânica e em cima de Robert McCall, um detetive particular, direto e eficiente, com muitos contatos e perfeito para resolver casos em que a polícia se atrapalha. Sua marca registrada era uma frieza e antipatia que vinha ao eu mais do ator principal, o pouco lembrado Edward Woodward, do que o texto. Aqui eles mantiveram aqueles momentos em que a cena parece tremer, dando um tom de emoção, de imagem sendo “fritada” para dar mais tensão ao momento e o que Robert está sentindo (ele  mantém o nome), mas a verdade é que Denzel com sua autoridade, confiança e honestidade pouco tem a ver com a empáfia e frieza de Woodward, que mesmo você deve ter dificuldade de reconhecer de dramas britânicos (foi indicado para o Globo de Ouro e Emmy chegando a levar um Globo). Esteve em Chumbo Grosso, Rei Davi, o australiano Breaker Morant, o terror  O Homem de Palha, As Garras do Leão. 102 títulos e poucos como ator central e praticamente nada memorável para o espectador brasileiro.

Por outro lado, é interessante se constatar a evolução do diretor negro Fuqua (ainda quase nada premiado, mas sob sua direção Denzel levou um Oscar® como vilão em Dia de Treinamento). São 18 créditos quase todos de ação e vários consumíveis (como Rei Arthur com Clive Owen e a Keira, Atraídos pelo Crime com Richard Gere, Atirador com Mark Wahlberg, o recente Invasão a Casa Branca. Não há duvida que este é seu melhor trabalho, onde se dá ao luxo absoluto de levar meia hora inteira para apresentar os personagens coadjuvantes e preparar a entrada para valer com o “Equalizador” (por isso que o filme acabou ficando um pouco longo, 15 minutos a menos reduzindo o prólogo já ajudava muito). Mas isso é também é questão de gosto.

O fato é que o filme me segurou o tempo todo, fazendo rivalizar com outros policiais que envolveram a Máfia russa (em particular, como Senhores do Crime, de Cronenberg com o Viggo Mortensen). E aposto que foi um lapso de bom humor que fez escalarem o ator neozelandês de origem húngara Marton Csokas para ser o maior vilão, o Teddy, e transformando-o numa copia de Kevin Spacey, a ponto disso ficar incomodando o espectador o filme inteiro. Até porque é um super implacável homem mau.

Mas deixa estar que Robert McCall não fica atrás. Ele trabalha numa loja de ferragens, vive sozinho, esta já quase no fim de ler a lista dos 100 filmes que tem ler antes de morrer e seu hobby ajudar os mais fracos, por exemplo, um obeso que deseja ser segurança, ou uma moça menor de idade que é explorada pelos russos como prostituta para sado-masoquistas (a surpresa é que a adolescente tão irregular, Chloe Moretz, a última Carrie, esteja convincente e justifica bem com McCall entra na briga). De repente os mafiosos chefes ou não, implicam com ele e vão liquidá-lo pensando que seria fácil. Lógico que é super preparado, não se rende nunca e o filme não cai no gratuito ou no exagero de sangue (lembra um pouco os filmes chineses do gênero) acaba convencendo e arrebatando. Numa temporada muito fraca em policiais e thrillers este é o meu preferido este ano.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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