RESENHA CRTICA: Trinta

Conta a histria do nico carnavalesco que at hoje conseguiu ficar famoso nacionalmente

30/12/2014 14:07 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Trinta

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Trinta

Brasil, 2014. 92min. Direção de Paulo Machline. Com Matheus Nachteragele, Paola Oliveira,  Milhem Cortaz, Marco Ricca, Ernane Moraes, Paulo Tiefethandler, Lea Garcia.

Finalmente consegui assistir este filme que tinha um título tão equivocado que custava a acreditar. Que Diabos quer dizer Trinta num cartaz de cinema, absolutamente nada. Nem a idade, mas o sobrenome verdadeiro do famoso Joãozinho Trinta. Conta a história do único carnavalesco que até hoje conseguiu ficar famoso nacionalmente, mais que isso virou um ídolo do público que simpatizava com sua presença alegre, criativa, divertida (não convivi muito com ele mas na minha fase Globo no Rio, nos cumprimentávamos amigavelmente  e nada dessa presença vemos no filme, onde o personagem é taciturno, pensativo, sempre preocupado).E mesmo suas frases famosas, principalmente aquela do “Quem gosta de pobreza é intelectual!” são ditas como se fossem frases da Bíblia.

Foi na verdade meu amigo Claudio que me chamou a atenção para um detalhe fundamental. Na história, Joãozinho é perseguido na Escola de Samba porque é ex-bailarino (não se fala na sexualidade dele diretamente, mas supõe-se que se é dançarino é gay! O que já é errado). Depois ele é vitima de uma perseguição não muito clara porque a figura que faz isso (Millhem Cortaz o vilão mais ativo do cinema brasileiro atual) também poderia ter posto fogo no barracão da escola (isso nunca fica muito claro). O difícil de acreditar é que Joãozinho tenha sido o primeiro gay a servir numa escola de samba, depois de décadas de desfiles, religiões que aceitam qualquer forma de sexualidade e assim por diante! Se numa escola não existe tolerância sexual, onde mais poderia existir?

É uma pena que o roteiro seja tão equivocado porque Matheus é o ator sensacional de sempre, mesmo que contido e amarrado, numa figura soturna e mesmo antipática. E o diretor Machline insiste em certas ideias como fazer a comparação do desfile de escola com Ópera como se isso fosse engrandecê-la! (várias vezes tem temas musicais de Ópera de fundo!).Cada coisa é uma coisa. E ficamos frustrados de ver pouco de samba nessa escola (ao final, certamente seria caro demais e impossível reproduzir ao menos parte do desfile que o consagrou. Mas cortar para imagens de transmissões de TV e assim mesmo tudo muito rápido, não resolve o problema).

Este rapaz chamado Trinta não tem vida própria, não sabe dançar (Matheus é filmado de muito longe e mal dublado por profissional) e fora alguns momentos de candomblé com a grande Lea Garcia, as duas outras possíveis grandes figuras da história viram meros coadjuvantes que ninguém quer ofender, o amigo mas rival Fernando Pamplona e o chefe da Escola (Ernani Moraes, muito bem). Duas mulheres fazem figuração, a bela Paola (como mulher santa de Pamplona) e a maior porta bandeira que no final das contas nem aparece dançando! Que pena que um tema desses tenha se perdido deste jeito.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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