Minha Irmã (L´Enfant d´Em Haut)
O que podia ser um filme sem atrativo resulta numa história humana, original e até mesmo tocante
Minha Irmã (L´Enfant d´Em Haut)
Suíça, França, 2012. 97 min. Direção de Ursula Meier. Com Léa Seydoux, Kacey Mottet, Klein, Gillian Anderson, Martin Compston, Jean-François Stévenin, Gabin Lefebvre
Chega já com bastante atraso este filme que representou a Suíça no Oscar de filme estrangeiro, ganhou um Urso de Prata em Berlim, foi indicado ao César de ator revelação, ao European Film Awards, ao Independent Spirit, e três prêmios na Suíça (roteiro, ator e filme). Embora eu o tenha visto quando concorreu ao Oscar (e o revi de novo) é interessante como é um dos raros que ficou marcado na minha memória, a história me comoveu e interessou. A diretora Meier nasceu na França, e já fez nove filmes entre curtas e longas, que não passaram por aqui (um deles chamado Home parece muito interessante sobre cidadezinha esquecida que muda quando reabrem uma estrada). Antes de ficar tão famosa, o principal papel feminino é feito por Léa Seydoux, do notório Azul é a Cor Mais Quente.
A história se passa numa estação de esqui na Suíça (embora as imagens sempre fujam do turístico) onde um garoto, Simon aproveita para roubar os turistas, levando esquis, botas, luvas, que depois revende para poder sustentar sua irmã mais velha e irresponsável, que alterna namorados e empregos, sem ter uma razão de ser. O irmão com 12 anos, cozinha, faz limpeza, sabe cuidar de equipamento de esquis, mas vive sempre a um passo de ser pego ou castigado ou coisa pior. O filme é basicamente isso a vida de duas criaturas sem futuro, perdidas, se desencontrando. Curiosamente o que podia ser um filme sem atrativo resulta numa história humana, original e até mesmo tocante.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.