Hitman: Agente 47 (Hitman: Agent 47)
Um filmeco que mais parece uma produção B do que um filme de ação de primeira
Hitman: Agente 47 (Hitman: Agent 47)
EUA,15. 96 min. Direção de Aleksander Bach. Com Rupert Friend, Zachary Quinto, Hannah Ware, Emílio Dantas
O que ninguém se deu conta na estréia desta filmeco que mais parece uma produção B do que um filme de ação de primeira linha, é que ele marca a estreia na direção de um premiadíssimo e famoso na classe, realizador de comerciais, o polonês Aleksander Bach, que fez music vídeos e inúmeros comerciais super badalados. O espantoso, porém, é que o filme é muito mal realizado. Assim como as historias em quadrinhos não tem a mesma narrativa ou técnica do que o cinema, também o comercial de 30 segundos nada tem a ver com o longa metragem de cinema. É curioso que vendo o filme comecei a achar tudo tão rápido, tão passageiro que me deu a impressão de que havia algo errado. Só depois que me toquei que obviamente o diretor Bach não estudou em casa e não se deu ao trabalho de aprender com os mestres como o cinema tem um timing, uma maneira de contar a história diferente e só valorizando os silêncios, os olhares, a representação dos atores é que a história que se conta faz algum sentido.
Na verdade, muito se falou disso, de como vários diretores de comerciais não conseguiram fazer a transposição para a tela grande, mas este filme deveria ser obrigatório nas escolas de cinema para demonstrar tudo o que não se deve fazer. Aliás, existe uma versão anterior deste mesmo personagem Hitman, que foi o Hitman Assassino 47, 2007, de outro incompetente, o Frances Xavier Gens, mas menos do que o atual. Suponho que os produtores tenham cometido esses erros pensando que um jovem ambicioso serviria melhor do que alguém estabelecido. E que aqui passaria melhor para o cinema o que é basicamente um videogame (aliás dinamarquês)! Esquecendo que pouquíssimos ou quase nenhum game se transferiu bem para cinema.
O primeiro não foi tão mal, custou 24 milhões de dólares e rendeu quase 40 (nos EUA) e tinha uma coisa bem melhor do que este, o ator era mais adequado e interessante, o Timothy Olymphant, astro da boa série de TV “Justified” (que acabou este ano). Este novo - classificado como reboot - custou 35 milhões e rendeu 17 nos EUA e mais 25 no exterior. A pior coisa foi a escolha do protagonista que é o inglês Rupert Friend (esquisito, tem um formato de cabeça desagradável, o que seria fundamental para o personagem). Ele esteve bem melhor em filmes como a Jovem Rainha Vitória e Orgulho e Preconceito.
O agente 47 é um matador de elite que sofreu um tratamento genético desde sua concepção para se tornar a perfeita maquina de matar. É conhecido apenas pelos dois últimos dígitos de seu numero de identificação tatuado no seu pescoço. Antes dele houve 46 clones mais experimentais, por isso tem força, velocidade , inteligência e resistência sem precedentes. Sua missão é uma mega corporação que planeja revelar o segredo dele para criar um exército de assassinos com poderes ainda maiores. Ele se une a uma mulher (a inglesa Hannah Ware) que esconde o segredo desses inimigos. Zachary Quinto, de Star Trek faz outra presença importante, como John Smith ( mas esta com aquela cara de nada de costume).
Paul Walker estava previsto para fazer o papel título antes de sua morte trágica. Foi rodado na Alemanha e, por estranho que pareça, em Singapura. Mas de qualquer forma, é um equivoco. Mas é bom explicar que o leigo em cinema irá notar que algo não funciona mas não saberá sacar o porquê.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.