O Agente da U.N.C.L.E. (The Man from U.N.C.L.E)
Tem certo humor, perseguições, correrias, explosões, mas nunca consegue ser páreo para o Tom Cruise
O Agente da U.N.C.L.E.(The Man from U.N.C.L.E)
Inglaterra, 2015. 116 min. Direção de Guy Ritchie. Com Henry Cavill, Armie Hammer, Alicia Vikander, Elizabeth Debicki, Hugh Grant
O ex- de Madonna, o diretor Guy Ritchie, fez uma bela carreira com um estilo pessoal de filmes policiais, com muita ação e uma curiosa edição, que funcionou até mesmo nas duas aventuras de Sherlock Holmes. Depois de um hiato de 4 anos, ele retornou com esta adaptação de uma conhecida mas não especialmente querida série de TV chamada O Agente da U.N.C.L.E, que durou de 1964 a 68 e teve 105 episódios. Sua variante A Garota da U.N.C.L.E /The Girl from U.N.C.L.E. com Stefanie Powers e Noel Harrison, ficou no ar apenas uma temporada, 1966-67. Ambas mostravam com certo humor mas orçamento pequeno dois agentes em ação para a organização, o americano Napoleon Solo (o nome foi dado por Ian Fleming, criador de James Bond que ajudou na criação da série e vivido por Robert Vaughn, que na época tinha certo prestigio, porque foi indicado ao Oscar de coadjuvante por o Moço da Filadélfia , 59 e esteve também em Sete Homens e um Destin ), o parceiro russo chamado de Illya Kuryakin era o curioso mas apático David McCallum, com cabelo meio a Beatles loiro. Os espiões combatiam uma organização criminoso chamada (T.H.R.U.S.H.) e seu chefe era Leo G. Carroll, papel que sobrou agora para Hugh Grant (numa participação curta e descartável). O mais curioso porém é que grande parte dos episódios desta série passaram no Brasil em nossos cinemas , como longa-metragens separados e foram até bem de bilheteria, demonstrando como a gente era bobinho e ingênuo (aliás continuamos a ser, vejam a política atual!). Todos episódios tinham o charme de trazer alguma atriz famosa ou que estava na moda na época!. Os longas foram: Para Agarrar um Espião (To Trap a Spy,64 com Luciana Paluzzi), O Espião que tem a Minha Cara (The Spy with my Face, 65 com Senta Berger), Está Sobrando um Espião, 66, com Dorothy Provine, Desapareceu um Espião (One Spy Too Many, 66 com Vera Miles), O Espião do Chapéu Verde ( The Spy with the Green Hat, 67 com Janet Leigh), A Quadrilha do Karatê (Karate Killers, 67 com Joan Crawford). Os Espiões do Helicóptero (The Helicopter Spies, 68 com Carol Lynley). Como Roubar o Mundo (How to Steal the World, 68 com Eleanor Parker). U.N.C.L.E. quer dizer "United Network Command for Law and Enforcement".
Mas é muito esforço para nada. Há algumas semanas atrás a Warner exibiu para a Imprensa cerca de meia hora do filme. Costumo fugir disso, mas cai na cilada e observei tudo com frio e irônico distanciamento. Uma produção caprichada (como sempre em Hollywood, a única vez que vi isso falhar foi em Quarteto Fantástico!), figuras elegantes em direção de arte chique, dois galãs canastrões mas muito bonitões (e que vieram ao Rio exibir sua fotogenia) importante agora que o filme já fracassou nos EUA, aliás fracasso é pouco. Foi um desastre. O Orçamento teria sido 75 milhões de dólares o que não é demais para uma aventura de espionagem de época mas ate o momento não rendeu mais do que 34 milhões mais outro tanto, 26 no mercado exterior!
E o culpado é do Sr. Ritchie que teve a ideia infeliz de fazer uma aventura de época, ou seja, a ação se passa realmente em 1963, quando eles estão na Alemanha Oriental, Solo (é vivido pelo forte mas inexpressivo Henry Cavill, atual Superman) e Illya, é interpretado por Armie Hamer, que sobreviveu a outro desastre que foi O Cavaleiro Solitário, apenas porque estava ótimo como gêmeos em A Rede Social. E esbarram na melhor coisa do filme, que é a presença da charmosa sueca Alicia Vikander, como Gaby, que porém esáa no filme errado. Filha de um físico nuclear, seu tio um nazista e ela tem talentos como consertar carros, vestir-se bem e servira para aumentar a rivalidade da dupla central.
Não que o filme seja horrível. Tem certo humor, perseguições, correrias, explosões, mas nunca consegue ser páreo para o Tom Cruise em Missão Impossível Nação Secreta. E está mais para desfile de modas do que filme de ação!!!
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.