Goosebumps: Monstros e Arrepios (Goosebumps)

Não é para adultos. Mesmo assim não chega nunca a aborrecer

22/10/2015 10:29 Por Rubens Ewald Filho
Goosebumps: Monstros e Arrepios (Goosebumps)

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Goosebumps: Monstros e Arrepios (Goosebumps)

EUA, 15. 105 min. Direção de Rob Letterman. Com Jack Black, Dyland Minette, Odeya Rush, Ryan Lee, Amy Ryan, Jillian Bell, Ken Marino, Halston Stage, Amand Lund , Jillian Bell e ponta do autor do Livro R.L. Styne (crédito como jogador que esta no corredor da escola).

Estreou bem nos Estados Unidos, com mais de 23 milhões de dólares, só no último fim de semana vencendo rivais importantes como esta produção cara de 58 milhões de dólares, que superou outros filmes (famosos fracassaram Ponte dos Espiões e A Colina Escarlate) certamente porque é indicada para crianças (embora esteja censurada aqui até dez anos). Aqui está sendo ajudada por uma visita do astro e comediante Jack Black à São Paulo (ele faz o papel do autor R.L.Stine). O diretor Rob Letterman já tinha feito com ele o fraco As Viagens de Gulliver, e as animações O Espanta Tubarões e Monstros versus Alienígenas. Mas o resto do elenco é praticamente desconhecido (a não ser a mãe do herói que é feita pela já indicada ao Oscar Amy Ryan, esse rapaz é chamado Dylan Minette, fez Deixe me Entrar, Os Suspeitos, Alexandre, o Dia Terrível... e as séries de TV Scandal e Agentes da S.H.I.E.L.D.).

Essa série de livros faz imenso sucesso nos EUA e nem tanto aqui (talvez porque Goosebumps, não tenha sido traduzido para Arrepios de Medo, ou coisa que o valha). A opção dos três roteiristas foi não escolher um dos muitos livros da série (leia abaixo), mas criar uma mistura de vários deles, numa história onde o envolvido é o próprio escritor, que a princípio parece ser um chato e briguento. Na verdade, Black repete seu tipo costumeiro, e deixa a história para ser conduzida por um adolescente Zach que perdeu o pai há pouco e se muda para nova cidade, onde logicamente tem dificuldade para se entrosar. Para complicar a mãe dele é também vice diretora da mesma escola (Amy). Mas ele fica conhecendo Hannah, a filha do escritor (uma encantadora israelita Odeya que esteve em O Doador de Memórias e Somos o que Somos), que estuda em casa e é super protegida pelo feroz pai. Mesmo assim eles iniciam um flerte e vão brincar numa roda gigante de um parque de diversões abandonado (mas que miraculosamente funciona). Na verdade, o filme leva cerca de meia hora para apresentar os personagens ate descobrirmos que os livros de Stipe são mágicos e os diversos monstros que ele criou estão presos dentro de livros. Só que acidentalmente Zach e um parceiro Champ (Ryan Lee) os fazem despertar provocando o caos na cidadezinha do interior.

O resto do filme é isso: os ataques de lobisomem, Louva Deus gigante, um boneco de ventríloquo (Slappy que é o líder deles e cuja voz foi feita também por Black), O Abominável Homem das Neves de Pasadena, o menino invisível , os gnomos, os Ets e vários outros. Nunca violento demais, ou excessivamente assustador. É terror para crianças e por isso mesmo se inspira um pouco noutro filme da mesma Sony, Jumanji. O elenco é irregular (a tia do herói feita por Jillian Bell é particularmente sem graça). Mas não é mesmo para adultos. Mesmo assim não chega nunca a aborrecer.

 

 

Goosebumps : Morrer De Medo É Divertido (Por Adilson De Carvalho Santos)

O medo é uma das emoções mais primitivas do homem, e brincar com os temores que trazemos dentro de nossas mentes vai além de acreditar que o bicho papão existe. O escritor norte-americano R.L.Stine (iniciais de Robert Lawrence) tornou-se um mestre em fazer isso, tal como um Stephen King versão juvenil que conquistou o respeito de mais 300 milhões de leitores que já tiveram contato com sua série “Goosebumps” desde que o primeiro, entitulado “Welcome to Dead House” (Bem Vindo à Casa dos Mortos) foi publicado em julho de 1992. De lá para cá foram 62 livros (outras fontes afirmam que são mais de 100!) que foram inclusive adaptados para a Tv em uma popular série realizada entre 1995 e 1999.

 O sucesso é mistura histórias de terror com um toque de humor, sem os aprofundamentos místicos e sobrenaturais, mas com o compromisso de divertir como se os episódios de “Scooby Doo” deixassem a dimensão animada para se tornar mais físico, tridimensional, ainda que frutos da imaginação de Stine e de seus leitores que acompanharam suas histórias com fervor antes mesmo que J.K.Rowling e seu menino bruxo Harry Potter se tornassem um fenômeno de vendas. A comparação é injusta até porque cada um tem seu valor, e o que fez de “Goosebumps” uma produção menor talvez seja o fato de não ter um protagonista fixo ou personagens recorrentes. Os livros de Stine traz, histórias curtas, cada uma com um elenco de personagens independentes da outra e sem nenhuma conexão ou sequência como ligação entre elas. Sua habilidade foi usar em sua fórmula personagens jovens que em meio à vida escolar ou universitária, em casa com a família ou com os amigos se veem envolvidos em um mistério de natureza sobrenatural: Bruxas, vampiros, lobisomens e outras criaturas ganham a forma de ameaças reais. A preocupação do autor é de apenas divertir. Não tenta esconder os clichês do gênero, recorrendo a lugares como subúrbios sombrios, acampamentos de verão ou casas mal assombradas, mas nem sempre se encerrando com um final feliz. Na verdade quase que todas as histórias de Stine trem um desfecho incerto ou infeliz para alguns dos personagens, surpreendendo seus leitores. Outra característica de seus livros é que apesar de tratar de assuntos sobrenaturais, a linguagem é leve sem jamais apelar para o uso de drogas, violência ou o sexo gratuito.

 No Brasil, os livros chegaram pela Editora Abril no final da década de 90, mas esta só publicou dez livros. Em seguida, a editora Fundamento, a partir de 2006, republicou os livros editados pela Abril e mais alguns outros chegando a 26 publicações. O sucesso do filme talvez estimule a Fundamento a trazer para o Brasil os demais títulos da coleção que já teve dois projetos de adaptação anteriormente. Primeiro foi George Romero (o mestre dos filmes de mortos-vivos), mas o projeto não vingou. Tempos depois, foi Tim Burton quem tentou levar as histórias de Stine para o cinema. No Brasil, a série de Tv chegou a ser exibida pelo antigo canal Foxkids / Jetix durante o final dos anos 90 e inicio dos anos 2000.

 O filme estrelado por Jack Black certamente renovará o interesse pela obra de Stine e mostrará que monstros e arrepios tem um público cativo, razão pela qual os livros de Stine entraram para o livro Guinness de records, saltaram das páginas para as telas e vão dar sustos gostosos e divertidos por um longo tempo ainda.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de “Éramos Seis” de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionário de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.

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