RESENHA CRTICA: Amizade Desfeita (Unfriended ou Cybernatural)

Mas se curiosa e podia ser mais que original e intrigante, instigante e reflexivo, se torna quase insuportvel

11/11/2015 11:57 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Amizade Desfeita (Unfriended ou Cybernatural)

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Amizade Desfeita (Unfriended ou Cybernatural)

EUA, 15. 83 min. Direção de Levan (Leo) Gabriadze. Com Heather Sossasman, Matthew Bohrer, Courtney Halverson, Moses Storm, Will Peltz, Shelley Henning, Renee Olstead.

Mais cedo ou mais tarde alguém ia fazer um filme como este, que custou um milhão de dólares (muito até para sua falta de recursos) e rendeu  31 milhões de dólares (e já tem uma continuação em andamento). Quem produziu é o conhecido russo Timur Bekmambetov (O Procurado com Angelina Jolie, Guardiões da Noite, Guardiões do Dia, produtor também da animação Reino Gelado 2 que deve estrear breve ) que teve a ideia (puro Ovo de Colombo) de fazer um filme inteiro passado em computador/lap-tops, na casa de um grupo de adolescentes inquietos (atores desconhecidos) que reagem ao suicídio de uma garota, cuja morte foi capturado por uma câmera. Não é fato real mas podia ser. Como também podia ser muito mais interessante e com suspense e com clima, porque o exercício de ver gente gritando e reagindo nas telinhas acaba por virar enfadonho e ate irritante. Não há dúvidas que os teens vão apreciar a ideia (Ah, porque eu não tive essa ideia antes, podem ate dizer!). Mas se é curiosa e podia ser mais que original e intrigante, instigante e reflexivo, se torna quase insuportável.

Para piorar temos um horrível titulo nacional para uma situação que passa em tempo real, sem truques (uma única vez um dos personagens pega o laptop e anda pela casa). Fora disso, é um papo interminável entre seis adolescentes ou que textam ou entram no chat. Ainda que pareça ter uma força sobrenatural (sim é um filme de terror, ou pretende ser!) que faz com que eles desapareçam aos poucos. Um dos problemas do filme é que todos esses personagens são egocêntricos e antipáticos, para não dizer que só escrevem com palavras reduzidas ou gíria. A figura central é a adolescente Laura (Heather) que se matou por não suportar ver um vídeo mais ou menos sensual ser exposto para todos. Todos os que entram na conversa também são monitorados por um anônimo que parece ter acesso a todos. E a reação deles, ela bem que mereceu o que teve. Enfim, já se imagina que um a um eles irão ser eliminados, ainda que sem muita lógica mas de acordo com as regras do gênero.

Há porém para os possíveis fãs do filme alguns detalhes curiosos. Por exemplo todas as contas do Facebook que aparecem no filme existem realmente. Tudo filmado numa única casa em quartos diferentes. Os atores não sabiam todo o script e deviam reagir improvisando cada vez que informação nova surgia. Seria tudo uma longa tomada em tempo real, rodada durante 16 dias. Foi inspirado nos suicídios verdadeiros das teens Amanda Todd e Audri Pott. Todo o elenco foi testado via Skype. Os quartos dos personagens foram decorados pelos respectivos atores. A ideia do filme já existia há 15 anos, desde 1999. O elenco pensava que eles todos eram vitimas e Laura era a bully e só na edição final que descobriram o resto.

Como se percebe, a filmagem deve ter sido interessante. Pena que o resultado é bem menos divertido. A versão nacional dizem foi toda feita para o português.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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