RESENHA CRTICA: Demnio de Neon (The Neon Demon)

Talvez no seja o caso de vaiar como em Cannes, mas certamente uma decepo para os fs do diretor Refn

03/10/2016 17:29 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Demônio de Neon (The Neon Demon)

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Demônio de Neon (The Neon Demon) poster cartaz

Demônio de Neon (The Neon Demon)

EUA, 16. 118 min. Direção de Nicolas Winding Refn. Com Elle Fanning, Christina Hendricks, Jena Malone, Keanu Reeves, Klaus Glusman, Bella Heathcote, Abbey Lee, Alessandro Nivola.

É um velho clichê na História do cinema que já sucedeu inúmeras vezes com cineastas ambiciosos que depois de um ou dois sucessos começaram a se considerar gênios e todos poderosos, acima do bem e do mal. Foi o caso de Nicolas Winding Refn, que se tornou Cult com o muito interessante dinamarquês que impressionou todo mundo com seu Drive (11) que foi indicado ao Oscar de som, Globo de Ouro de coadjuvante (Albert Brooks), 4 Baftas e, mais importante, o prêmio em Cannes de melhor diretor. Também serviu para elevar a categoria de astro ao Ryan Gosling! Ele e o diretor viraram cults instantaneamente, mas achando-se insuperáveis fizeram juntos Só Deus Perdoa (13), que era bizarro e desagradável. Antes disso é bom lembrar que Refn estreou com uma trilogia de muita ação (Pusher, 96, 04, 05), o violento Bronson (08) e o misterioso O Guerreiro Silencioso (08).

Agora chega aos nossos cinemas o mais recente trabalho que conseguiu ser vaiado em Cannes e péssimas criticas dos que antes o idolatravam. Mas antes de jogar pedras talvez seja importante dizer que o filme, que gira vagamente em torno do ambiente da moda e modelos, deve ser insuportável ao espectador casual, mas certamente vai interessar aos que trabalham no ramo da moda, passarelas, direção de arte, maquiagem e coisas que tais (para estes é obrigatório porque há uma intenção clara ressaltar a trajetória da muito jovem modelo, Ellen Fanning, ainda que nascida em 98 na Georgia, é bem mais bonita e talentosa do que sua irmã mais velha, Dakota. Ambas fizeram muitos papéis de criança em filmes de terror). Não se pode dizer que é uma interpretação por que passa o tempo todo com cara de que não entende o que esta acontecendo, para ir em busca de uma sangreira que mais parece filme de Vampiro ou Drácula. O papel foi escrito antes para Carey Mulligan (de Drive). Um detalhe curioso: um dos fortes do filme é seu colorido ênfase em cores. O estranho é que o diretor é daltônico e só consegue perceber contrastes.

Ela faz Jesse, uma órfã do interior que vem para Los Angeles e se refugia num motel antigo e pobre, enquanto consegue uma agente (pontinha da charmosa Christina Hendricks) que a encaminha para um fotógrafo neurótico e, possivelmente, ao sucesso. Ela conheceu antes porém um maquiadora lésbica (uma de minhas favoritas, Jena Malone), que a faz encontrar duas colegas no que irá cair numa espiral de sangue e violência estética. Há também uma aparição mal humorada de Keanu Reeves, com a mesma cara de 20 anos atrás, mas desperdiçando seu inegável carisma.  

Ou seja, não é para ser analisado ou aprofundado, nem serve para dar uma espiada nesse mundo sedutor e mentiroso que é o da moda. Elle conta que o filme foi rodado em ordem cronológica e que a resolução final foi improvisada já no próprio set (contam que o diretor usava a palavra violência seguida de um palavrão forte, cada vez que era gritar “ação”). Já foi descrito também como uma mistura de O Vale das Bonecas com O Massacre da Serra Elétrica.

Talvez não seja o caso de vaiar como em Cannes, mas certamente é uma decepção para os fãs de Refn.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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