RESENHA CRTICA: Argentina (Idem)
J longe se faz o tempo em que o diretor espanhol Carlos Saura foi o maior cineasta da nova gerao espanhola que provocava a ditadura de Franco com filmes crticos e polmicos
Argentina (Idem)
Argentina, 15. 1h25 min. Documentário musical. Direção de Carlos Saura. Com Mercedes Sosa, Pedro Aznar, Juan Falu, Marian Farisas Gomez, Gabo Ferro, Jaime.
Já longe se faz o tempo em que o diretor espanhol Carlos Saura foi o maior cineasta da nova geração espanhola que provocava a ditadura de Franco com filmes críticos e polêmicos, que fizeram muito sucesso em festivais e também no Brasil. Clássicos como Cria Cuervos, Prima Angélica, Ana e os Lobos, Elisa, Vida Minha, Mamãe Faz Cem Anos etc. Mas quando acabou a ditadura Saura procurou novas saídas e acabou dando certo gravando espetáculos musicais, que acabaram se tornando clássicos do gênero, graças também a qualidade dos dançarinos e coreógrafos (filmes como Bodas de Sangue, Carmen, Amor Bruxo). Depois conseguiu melhor resultado ainda quando convocou como seu fotógrafo o genial italiano Vittorio Storaro que renovou o gênero com Tango, 98, ainda por cima com musica do argentino Lalo Schiffrin. O resultado foi espetacularmente belo mas reprisado ainda por outro belo exemplar do gênero Flamenco, Flamenco ( 2010 ).
Uma pena que a parceria acabou deixando Saura sozinho para continuar a explorar os filões, indo a Buenos Aires para rodar este show feito em estúdio fechado (um grande galpão usado para tango) e certo profissionalismo. Mas quem viu os outros, vai lamentar a mediocridade deste que tem como curioso uma aparição da grande Mercedes Sosa em arquivo, que faleceu em 2009. Fora isso há uma sucessão de dançarinos e cantores de diversas partes do país, que executam na medida do possível, melodias e danças, todas medianas, que não se destaca nem como registro cultural de folclore, nem artístico (já que a iluminação ou criatividade) não chega nem aos pés do original de Storaro. Uma pena. Nem poético, nem memorável. E não ficou por aí, há outros do gênero como um sobre Aragon que leva o nome de Jota de Saura!
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.