RESENHA CRTICA: Ciganos da Ciambra (A Ciambra)
Poderia ser mais envolvente e ter aprofundado mais o drama humano do heri e da famlia. Mas no se tira o mrito e sinceridade
Ciganos da Ciambra (A Ciambra)
Itália, 2018. 118 min. Direção de Jonas Carpignano. Com Pio Amato, Damiano Amato, Francesco Pio Amato, Iolanda Amato, Koudous Seihon, Patrizia Amato, Rocco Amato.
Este foi o filme italiano indicado para o Oscar de filme estrangeiro ano passado, depois de ter sido exibido na Quinzena dos Realizadores de Cannes e ter acumulado grande número de premiações (Bergen, Prêmio da Europa Cines em Cannes, 2 David de Donatello, montagem e direção, indicação ao americano Independente Spirit, Ghert, Seville, Trieste, Jameson). Na verdade, ressuscita uma velha tradição neo-realista do cinema italiano que é utilizar atores amadores e apresentar uma realidade de alguma comunidade desprezada e interessante. No caso é uma pequena comunidade Romani, na Calábria, onde um garoto de 14 anos, que se chama mesmo Pio Amato, e que aos 14 anos, fuma, bebe, tem boa relação com as outras comunidades, italianos, refugiados africanos. Seu irmão mais velho Cosimo é quem ele acompanha e imita aprendendo como sobreviver nas ruas (curiosamente quem faz o irmão Cosimo é Damiano Amato, irmão gêmeo do outro). O problema maior é quando este é preso e as coisas começam a ficar sérias e ele tem que assumir o lugar dele que o leva a uma grave decisão. Que já começa quando tem que roubar carros, eletricidade, etc e tal.
Embora eu particularmente não goste do estilo preferido do cinema atual, aquela mania de sair perseguindo os personagens com câmera na mão gostei de ver revisitado um gênero tão clássico do cinema italiano, confirmando a velha lição de que os italianos são atores natos. Absolutamente convincentes. Na verdade o mesmo diretor já fez algo parecido com Mediterrânea, 2015, sobre refugiados. Mas há uma geração nova que não chegou a ver os filmes desse gênero. Pensando bem poderia ser mais envolvente e ter aprofundado mais o drama humano do herói e da família. Mas não se tira o mérito e sinceridade.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.