RESENHA CRTICA: Canastra Suja

No me atrevi a sair da sala ou me distrair. Quer elogio maior...?

20/06/2018 17:29 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Canastra Suja

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Canastra Suja

Brasil, 16. 2hs. Direção e roteiro de Carlos Soh. Com Marco Ricca, Adriana Esteves, Bianca Bin, Pedro Nercessian, Milhem Cortaz, David Junior, Emilio Orcioli Netto, Cacá Ottoni,Bruno Padilha, Remo Rossi.

Não conheço direito a obra do diretor e escritor Carlos Soh (que fez Por trás do Céu, 16,  Minutos Atrás, 13 e Teus Olhos Meus, 11). O único que conheci foi “Minutos” que era original mas também confuso. Mas consegue ter uma experiência interessante e atrevida com esta história forte e violenta. Que mantém a tensão o tempo todo, ao narrar a tragédia cotidiana de uma família pobre, Batista (Ricca, careca e muito bem) que tem um emprego pobre num prédio carioca e três filhos. Casado com Maria (Adriana Esteves, que poderia se limitar a ser estrela de novelas de TV, atreve-se em se deixar enfear e até desfigurar-se. Palmas para ela!). Dos filhos o mais complexo é uma garota muito jovem, autista, que mora na casa sem futuro enquanto o pai Batista é alcoólatra e vai para uma reunião dos alcoólatras anônimos para tentar se recuperar e mudar de vida. A filha mais velha (Bianca) tem um namorado negro e de trabalho suspeito, enquanto o outro filho (Nercessian, sobrinho de Estefan) é perdido e incompetente, jogado na vida. Há também amores proibidos surpreendentes e carnais envolvendo outros personagens (prefiro não revelar, mas são cenas não muito explícitas, mas que mesmo assim são fortes e surpreendentes).

Na verdade, o filme não ousa a ser explícito e tem duas partes bem diferenciadas e cada vez mais dramáticas, sendo que na metade final mergulha num universo mais denso e surpreendente num mundo Nelson Rodrigues (mas que poderia ter ido mais fundo até porque o sujeito que dá carona não tem muito lógica de comportamento). De qualquer forma, não tem medo de espantar e desnudar o que seria uma simplória família de gente pobre e infeliz. Ou nem tanto. Mas não me atrevi a sair da sala ou me distrair. Quer elogio maior...?

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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