Una

Aos 13 anos, Una (Rooney Mara) teve seu primeiro relacionamento sexual, com um homem mais velho, na época seu vizinho, Ray (Ben Mendelsohn). Uma década e meia depois, eles se reencontram, quando Una vai até a empresa onde Ray trabalha sem avisá-lo. Os dois serão confrontados com seus fantasmas, num passado de abusos e desprezo.

16/04/2019 01:00 Por Felipe Brida
Una

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Una (Idem). Reino Unido/Canadá/EUA, 2016, 93 min. Drama. Colorido. Dirigido por Benedict Andrews. Distribuição: Mares Filmes

Saiu pelas Mares Filmes nos cinemas brasileiros e depois em DVD esta peculiar fita de arte produzida no Reino Unido, que investe num atordoante drama sobre duas pessoas com suas vidas partidas por um relacionamento abusivo e de enganações. Rooney Mara, num jogo sincero de olhares, que mescla cansaço com angústia, é Una, uma jovem de 28 anos que 15 anos atrás teve um romance com um antigo vizinho, amigo de seu pai. Sem explicações, ele, que tinha mais que o dobro de sua idade, abandonou a menina; hoje, com outra cabeça, mas ainda perplexa com o que ocorreu, Una vai atrás dele para compreender o passado. Nesse encontro, marcado por surpresas, indignação e sofrimento, Ray e Una revisitam fantasmas para fechar um ciclo. Enquanto a derradeira conversa deles corre na trama, flashbacks ilustram os fatos de 15 anos atrás, de uma garota iludida, apaixonada por um homem mais velho, que prometia um futuro a dois. E também novas situações-problema aparecem na história, como a empresa em que Ray trabalha, nos dias atuais, que passa por uma crise financeira, e os funcionários estão apreensivos com as demissões.

“Una” carrega um forte estilo de teatro, as principais sequências ocorrem dentro de uma sala fechada, somente com dois personagens na maior parte do tempo, tratando de um tema polêmico (pedofilia). Tanto Una quanto Ray são personagens duais, ambíguos, com sentimentos controversos. Muitos questionamentos serão levantados durante o filme, para provocar reflexões em quem está assistindo.

Rodado no Reino Unido, o filme marca a estreia do diretor Benedict Andrews, que fez um trabalho sincero, bastante dialogado, para apreciadores do cinema cult. As características técnicas de destaque do filme são o uso de uma câmera distante, para desaproximar as pessoas em cena, enquadramentos laterais (que tira o centro do ator) e recorrência do embate, um verdadeiro ágon entre o homem e a mulher. Tudo afinado numa linguagem de teatro, que é a obra original - o roteiro é de David Harrower, autor da peça cujo filme foi baseado, chamada “Blackbird”.

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Sobre o Colunista:

Felipe Brida

Felipe Brida

Jornalista e especialista em Artes Visuais e Intermeios pela Unicamp. Pesquisador na área de cinema desde 1997. Ministra palestras e minicursos de cinema em faculdades e universidades. Professor de Semiótica e História da Arte no Imes Catanduva (Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva) e coordenador do curso técnico de Arte Dramática no Senac Catanduva. Redator especial dos sites de cinema E-pipoca e Cineminha (UOL). Apresenta o programa semanal Mais Cinema, na Nova TV Catanduva, e mantém as colunas Filme & Arte, na rede "Diário da Região", e Middia Cinema, na Middia Magazine. Escreve para o site Observatório da Imprensa e para o informativo eletrônico Colunas & Notas. Consultor do Brafft - Brazilian Film Festival of Toronto 2009 e do Expressions of Brazil (Canadá). Criador e mantenedor do blog Setor Cinema desde 2003. Como jornalista atuou na rádio Jovem Pan FM Catanduva e no jornal Notícia da Manhã. Ex-comentarista de cinema nas rádios Bandeirantes e Globo AM, foi um dos criadores dos sites Go!Cinema (1998-2000), CINEinCAT (2001-2002) e Webcena (2001-2003), e participa como júri em festivais de cinema de todo o país. Contato: felipebb85@hotmail.com

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