Coringa

Coringa vem consagrado com o Leao de Ouro do Festival de Veneza, primeiro dado a um filme do genero

30/09/2019 18:43 Por Adilson de Carvalho Santos
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Esse é o ano do palhaço. Depois do sucesso do terror “It –Capítulo 2”, as telas trazem Joaquin Phoenix como o príncipe palhaço do crime, um dos apelidos do arqui-inimigo do Batman, ganhando seu filme solo nesse momento de grande alta nas produções adaptadas das hqs.

Todd Philips (Se beber não case) recebeu a incumbência de fazer “o filme do vilão”, e o filme do Coringa tem tudo para ser ainda melhor que “Venom” (2017), da Sony. Ao menos é o que a recepção internacional do filme diz, depois da aclamação no Festival de Veneza, e os constantes elogios da atuação de Joaquin Phoenix (o Commodus de “Gladiador”) no papel título. O ator, três vezes indicado ao Oscar e, vencedor do Globo de Ouro por “Johnny & June” em 2005, herda um papel já vestido por nomes como Cesar Romero, Jack Nicholson, Heath Ledger e Jared Leto. Sua versão, no entanto, é uma abordagem mais realista do personagem, de acordo com o roteiro de Scott Silver e do próprio Todd Philips. Ambos investem em uma história de origem livre das amarras de continuidade das hqs, e independente dos filmes de super heróis DC. O Coringa de Phoenix ganha a identidade de Arthur Fleck, um desajustado nos moldes de Travis Bickle, personagem de Robert DeNiro no clássico “Taxi Driver” (1976), de Martin Scorcese. De Niro está no elenco de “Coringa” no papel de Murray Franklin o apresentador de Tv que tem participação ativa no processo de levar Fleck a uma vida de crimes. O papel de Franklin é uma exata inversão do personagem vivido por DeNiro em “O Rei da Comédia” (1982), outro clássico de Scorcese.

O personagem do psicótico palhaço surgiu nas páginas de “Batman” #1, em abril de 1940, criado pela colaboração dos talentos de Bob Kane, Bill Finger e Jerry Robinson. Sua gênese veio inspirada pela atuação de Conrad Veidt no filme “O Homem que ri” (1928), embebido da estética do expressionismo alemão, e adaptado da literatura de Victor Hugo. Nos quadrinhos, o vilão chegou a ser reduzido a um mero bufão no período em que o “Comics Code” atingiu seu auge de censura. Coube a Denny O’Neill e Neal Adams resgatarem os aspectos soturnos dos habitantes de Gotham City. Mais insano do que nunca, o vilão alcançou um grau de popularidade tal que chegou a ter uma revista solo publicada a partir de maio de 1975, um ano depois chegando ao nosso país pela EBAL, a editora pioneira que representou a DC comics durante décadas. Foi o inglês Alan Moore, no entanto, quem escreveu uma das histórias mais icônicas do personagem em “A Piada Mortal”, com desenhos de Brian Bolland. Esta tornou-se referência durante muitos anos, embora não absoluta ao tratar o que tornou um homem uma figura caótica como o Coringa. Muitas versões de origem para o personagem já foram escritas, nenhuma destas servindo de base para o filme de Todd Philips.

O filme do palhaço despertou uma preocupação sobre o grau de violência e uma possível glamorização desta, mas o fato é que ela está lá como causa e consequência das ações de seu protagonista, um palhaço de rua com ambição de ser um stand-up de sucesso, enlouquecendo com o caos em sua volta. Mesmo seu interesse por Sophie Dumond (Zazie Beetz, de “Deadpool 2”) serve ao roteiro como mais um elemento da insanidade fatídica para Fleck, e reforça a intenção de produzir uma história original, sem uma conexão direta com a galeria de personagens que habita as histórias em quadrinhos. Ainda assim circulam nomes conhecidos pelos leitores das hqs como Alfred Pennyworth (Douglas Hodge), Thomas Wayne (Brett Cullen) e, até mesmo um jovem Bruce Wayne (Dante Pereira-Olson).

A DC Comics tem sido mais feliz com suas adaptações seguindo um caminho diferente de sua rival, a Marvel Comics. Depois dos sucessos seguidos de “Mulher Maravilha”, “Aquaman” e “Shazam”, o filme do Coringa vem consagrado com o Leão de Ouro do Festival de Veneza, primeiro dado a um filme do gênero, possibilidades de indicação ao Oscar para Phoenix e até mesmo uma sequência. Se não acredita, por que está tão sério? Sorria !!

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Sobre o Colunista:

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos e' professor de Portugues, Literatura e Ingles formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela UNIGRANRIO. Foi assistente e colaborador do maravilhoso critico Rubens Ewald Filho durante 8 anos. Tambem foi um dos autores da revista "Conhecimento Pratico Literatura" da Editora Escala de 2013 a 2017 assinando materias sobre adaptacoes de livros para o cinema e biografias de autores. Colaborou com o jornal "A Tribuna ES". E mail de contato: adilsoncinema@hotmail.com

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