Zumbilandia - Atire Duas Vezes
O diretor Ruben Fleischer alimentou a vontade de uma sequencia e, depois do sucesso de bilheteria de Venom (2018), conseguiu realizar seu desejo
O primeiro tiro, há dez anos, e confesso não ter gostado muito, mas a boa recepção por parte do público foi inegável. O diretor Ruben Fleischer alimentou a vontade de uma sequência e, depois do sucesso de bilheteria de “Venom” (2018), conseguiu realizar seu desejo, trazendo de volta o quarteto original, todos os quatro já tendo sido indicados ao Oscar, sendo um deles vencedor como melhor atriz (Stone) por “La La Land”.
Jesse Eisenberg, Woody Harrelson (também trabalharam juntos em “Truque de Mestre”, nos dois filmes), Emma Stone e Abgail Breslin continuam na estrada, na dura sobrevivência em uma terra tomada por zumbis quando encontram outros humanos vivos e precisam lidar com uma atitude mais rebelde de Little Rock (Breslin), agora mais velha e independente, repudiando a figura paterna representada por Tallahasee (Harrelson). O grupo agora é uma família com as brigas típicas, mas inserido nesse cenário apocalíptico. Suas vidas tomam novo rumo quando se encontram com outros sobreviventes e se deslocam para a Casa Branca, curiosa escolha quando sabemos quem está hoje ocupando o local. O elenco ainda tem os recém-chegados Luke Wilson e Thomas Middleditch que aparecem em cena como se fossem duplos de Harrelson e Eisenberg, Zoey Dutch é a novata integrante do grupo como Madison, e Rosario Dawson é Nevada, outra sobrevivente que dirige um motel em Graceland que usa Elvis como tema. O diretor ainda achou espaço para trazer de volta Bill Murray, fazendo ele próprio e com uma piada já pronta para arrancar risadas com sua rápida passagem pelas telas.
O novo filme chega às telas dez anos depois de seu lançamento original e se aproveitando da popularidade dos zumbis na mídia. “The Walking Dead” ainda atrai muitos admiradores, e até a DC Comics vem publicando a mini “Deceased”, em que seus heróis enfrentam uma epidemia global de zumbis. Curioso quando lembrando que o tema era tratado como filme de baixo orçamento na época dos filmes de George Romero, pai do gênero. O filme de Fleischer inclusive faz referência a “Terra dos Mortos” (2005), um dos últimos filmes do diretor. Entre tiros, fugas e lutas com zumbis, o filme desfila um arsenal de piadas assumindo uma postura de não se levar mesmo a sério, com direito, no final, a Harreslson cantando a clássica “Burning Love”, balançante rock de Elvis Presley, e até mesmo um sarro tirado com um hipotético “Garfield 3” surgindo em cenas de meio dos créditos. Sobram farpas para a cultura pop como um todo como os zumbis mais lentos sendo batizados de “Homers”, clara referência ao nada inteligente patriarca da família Simpson. A Trilha sonora faz uma miscelânea com os sons da banda Metálica com “Master of Puppets” divindo espaço com trechos da opera “Rigoletto” de Giuseppe Verdi além de Bob Dylan cantando “Like a Rolling Stone” e o clássico Rock de “Hound Dog”.
Os mais de US$ 100 milhões da bilheteria do primeiro filme convenceram o estúdio de que valeria a pena uma continuação, trazendo os roteiristas Rhett Reese e Paul Wernick que sabem como empunhar uma metralhadora de piadas, se você gostar do estilo, como fizeram com a franquia Deadpool. Boa pedida descompromissada e quem sabe nos dê a vontade de ao final de sair dançando o “Thriller” de Michael Jackson como se fossemos parte de uma Zumbilândia.
Sobre o Colunista:
Adilson de Carvalho Santos
Adilson de Carvalho Santos e' professor de Portugues, Literatura e Ingles formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela UNIGRANRIO. Foi assistente e colaborador do maravilhoso critico Rubens Ewald Filho durante 8 anos. Tambem foi um dos autores da revista "Conhecimento Pratico Literatura" da Editora Escala de 2013 a 2017 assinando materias sobre adaptacoes de livros para o cinema e biografias de autores. Colaborou com o jornal "A Tribuna ES". E mail de contato: adilsoncinema@hotmail.com