Oscar 2022 - Os Premiados
Veja a lista dos vencedores e como foi a cerimonia desse ano
A 94ª cerimônia do Oscar, realizada neste domingo dia 27 de março no Teatro Dolby, fez história em vários sentidos. Jane Campion se tornou a terceira mulher a ganhar o Oscar de direção, tendo sido essa sua segunda indicação após o distante “O Piano” em 1992. Acabou sendo este o único prêmio da Academia para o super inflacionado “O Ataque dos Cães” apesar das ótimas atuações de seu elenco. A distribuição dos prêmios foi bem equilibrada com “Belfast” sendo reconhecido como melhor roteiro original e “Duna” levando 6 estatuetas, celebrando seu mérito e aumentando a indignação de seu diretor, o excelente Dennis Villeneuve, que ficou excluído da indicação de melhor diretor.
A entrega de alguns prêmios fora do evento principal encurtou a festa, que foi pontual ao lembrar pérolas como “Pulp Fiction” ou “Juno” reunindo seu elenco para anunciar os premiados da noite. Achei a homenagem aos 60 anos de 007 justa, mas muito curta. Poderiam ter reunido no palco os intérpretes ainda vivos como Timothy Dalton, Pierce Brosnan e, claro, Daniel Craig. Em vez disso um rápido clip resumiu 6 décadas de um personagem icônico, e que sempre se reinventa. O Oscar tenta também se reinventar, ser inclusivo, distribuindo melhor filme internacional para o japonês “Drive my car”, melhor ator coadjuvante para o surdo Troy Kotsur de “No Ritmo do Coração”, um prêmio merecidíssimo por sinal, além da ótima Ariana Debose como melhor coadjuvante, se definindo como uma mulher queer e negra que acreditou em seu talento, como mostra no papel de Anita, repetindo o feito de Rita Moreno seis décadas atrás no mesmo papel por “Amor Sublime Amor” (West Side Story). Lamento que a excelente refilmagem de Spielberg tenha encerrado a noite somente nesta categoria, mas foi uma noite competitiva e com muitos merecedores da honraria. Will Smith finalmente levou seu prêmio por “King Richard – Criando Campeãs”, mas a emoção de sua vitória acabou eclipsada pelo tapa em um Chris Rock sem noção nenhuma, que acabou justificando o título de sua famosa série.
Jessica Chastain ficou como melhor atriz por “Os Olhos de Tammy Faye”, mas todas suas colegas de profissão tiveram performances memoráveis, fazendo de seu favoritismo compreensível, mas não injusto. A Disney não acreditou no potencial de “We don’t talk about Bruno”, e por isso escreveu “Dos Oruguitas” na competição. O palco cantou e dançou com Bruno como forma de atrair mais atenção do público mas foi Billie Eilish quem levou o Oscar de melhor canção original por “No Time To Die”, da trilha sonora de “007 Sem tempo Para Morrer”. “Encanto” saiu vitoriosa como melhor animação. O momento tradicional do “In Memorian” foi emocionante desfilando imagens de saudosos atores e profissionais que nos deixaram no ano passado. A homenagem a “O Poderoso Chefão” também foi breve, mas adorável ao reunir Al Pacino, Francis Ford Coppola e Robert DeNiro, atores de uma Hollywood que deixa saudosa, do cinema autoral, do cinema arte.
Fica uma impressão de um evento que tenta se libertar dos grilhões de 94 anos de injustiças de desigualdades, mas que busca um caminho reconhecendo que ainda falta muito. Mas é uma festa de indústria e favoritismos são compreensíveis como a certeza que ano que vem teremos mais. Abaixo a lista dos premiados:
Melhor filme: No Ritmo do Coração
Melhor direção: Jane Campion (Ataque dos Cães)
Melhor atriz: Jessica Chastain (Os Olhos de Tammy Faye)
Melhor ator: Will Smith (King Richard: Criando Campeãs)
Melhor atriz coadjuvante: Ariana DeBose (Amor, Sublime Amor)
Melhor ator coadjuvante: Troy Kotsur (No Ritmo do Coração)
Melhor roteiro original: Belfast
Melhor roteiro adaptado: No Ritmo do Coração
Melhor filme internacional: Drive My Car (Japão)
Melhor animação: Encanto
Melhor documentário: Summer of Soul (...ou Quando A Revolução Não Pôde Ser Televisionada)
Melhor canção original: No Time to Die (007: Sem Tempo para Morrer")
Melhor figurino: Cruella
Melhores efeitos especiais: Dune
Melhor fotografia: Dune
Melhor curta-metragem: The Long Goodbye
Melhor animação em curta-metragem: The Windshield Wiper
Melhor documentário em curta-metragem: The Queen of Basketball
Melhor montagem: Dune
Melhor direção de arte: Dune
Melhor maquiagem e cabelo: Os Olhos de Tammy Faye
Melhor trilha sonora: Dune
Melhor som: Dune
Sobre o Colunista:
Adilson de Carvalho Santos
Adilson de Carvalho Santos e' professor de Portugues, Literatura e Ingles formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela UNIGRANRIO. Foi assistente e colaborador do maravilhoso critico Rubens Ewald Filho durante 8 anos. Tambem foi um dos autores da revista "Conhecimento Pratico Literatura" da Editora Escala de 2013 a 2017 assinando materias sobre adaptacoes de livros para o cinema e biografias de autores. Colaborou com o jornal "A Tribuna ES". E mail de contato: adilsoncinema@hotmail.com