RESENHA CRITICA: A Substancia (2024)
A Substancia nao de trata de um filme e sim de uma experiencia ? e daquelas que transformam a maneira como enxergamos o cinema e o proprio mundo


A Substância (The Substance, 2024)
O filme A Substância, dirigido pelo aclamado diretor francês Coralie Fargeat (Revenge), é uma provocação sensorial e filosófica que desafia convenções e incita reflexões profundas sobre a fragilidade da humanidade diante do desconhecido. Exibido em festivais prestigiados e saudado pela crítica como uma obra de arte perturbadora, o longa é uma mistura de ficção científica e horror psicológico, com uma pitada de comentário social que remete aos melhores momentos do cinema de autor europeu.
Na trama, seguimos Elizabeth (Demi Moore, em um retorno notável ao cinema de arte), uma cientista renomada que lidera uma equipe em uma expedição para investigar uma substância misteriosa descoberta em uma região remota. Logo, o que parecia ser apenas um experimento científico transforma-se em uma jornada aterradora, com consequências devastadoras para a equipe e, potencialmente, para o mundo.
O roteiro é uma aula de sutileza e ambiguidade. Fargeat evita explicações fáceis e permite que o espectador mergulhe na crescente tensão e no desconforto existencial que permeia o filme. O conceito de "substância" não é apenas um elemento narrativo, mas também uma metáfora poderosa para os limites do conhecimento humano e o preço de nossa arrogância. Essa abordagem lembra obras-primas como Solaris (1972), de Tarkovsky, e O Enigma de Outro Mundo (1982), de John Carpenter, mas A Substância consegue sustentar uma identidade única.
A cinematografia é um show à parte. O diretor de fotografia, Benoît Debie (Climax, Enter the Void), cria um mundo visualmente hipnotizante, em que as paisagens naturais contrastam com a frieza do laboratório científico. A paleta de cores intensas e as composições meticulosas reforçam a sensação de isolamento e claustrofobia.
Demi Moore entrega uma performance madura e cheia de nuances, equilibrando fragilidade emocional e determinação intelectual. Ela é o coração pulsante da narrativa, e sua interação com os demais membros da equipe – interpretados por um elenco secundário igualmente competente – constrói camadas emocionais que enriquecem a história.
No entanto, o filme exige do espectador. Com seu ritmo deliberado e uma recusa em oferecer respostas claras, pode alienar aqueles que esperam uma narrativa convencional ou um desfecho explícito. Por outro lado, é justamente essa coragem de abraçar o enigma que torna A Substância uma obra tão fascinante e, ao mesmo tempo, desafiadora.
É impossível assistir a este filme sem sair impactado. Fargeat mostra-se uma diretora de enorme ambição e talento, e A Substância consolida seu lugar como uma das vozes mais intrigantes do cinema contemporâneo. Trata-se de um filme que provoca, inquieta e ecoa na mente muito tempo depois de os créditos finais rolarem.
Rubrica final: A Substância não é apenas um filme; é uma experiência – e daquelas que transformam a maneira como enxergamos o cinema e o próprio mundo.
Nota: 4,5/5.
PS.: O filme gangou o Globo de Ouro na categoria Melhor Atriz com Demi Moore, depois da criação deste texto
DETALHES EM http://dvdmagazine.com.br/materias/materia/title/3695-melhores-momentos-do-globo-de-ouro-2025


Sobre o Colunista:
Edinho Pasquale
Editr-Executivo do site DVDMagazine

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