RESENHA CRITICA: Nosferatu (2024)
Robert Eggers reinventa Nosferatu com maestria visual e psicologica, oferecendo uma nova leitura do classico gotico que fascina e perturba
Nosferatu (2024)
Dirigido pelo visionário Robert Eggers, Nosferatu (2024) resgata o icônico clássico do cinema mudo de F.W. Murnau, trazendo nova vitalidade à lenda do vampiro enquanto preserva seu caráter sombrio e hipnotizante. Eggers, conhecido por trabalhos como A Bruxa e O Farol, imprime sua marca autoral na história de Hutter (Nicholas Hoult) e Ellen (Lily-Rose Depp), adicionando nuances psicológicas e um mergulho profundo no horror existencial.
Inspirado na obra Drácula, de Bram Stoker, o filme resgata o icônico Conde Orlok, um vampiro cujos direitos autorais levaram a uma batalha judicial com a viúva de Stoker, quase resultando na destruição completa da obra original. Felizmente, a aura de mistério e fascínio do personagem sobreviveu e se transformou em um marco do cinema expressionista e de horror no filme original.
Visualmente, este filme é um espetáculo. A fotografia de Jarin Blaschke abraça sombras e texturas em um trabalho que evoca a estética expressionista do original, mas com um dinamismo moderno que amplia a sensação de opressão e isolamento. A ambientação gótica, construída com detalhes obsessivos, torna-se quase um personagem à parte, reforçando a atmosfera sobrenatural e sufocante. Eggers não se furta a explorar a violência e o horror, mas evita o gore gratuito, preferindo o impacto psicológico e visual.
As atuações são de altíssimo nível. Bill Skarsgård entrega um Nosferatu inquietante, um predador ao mesmo tempo monstruoso e trágico. Lily-Rose Depp Depp (filha de Johnny Depp e de Vanessa Paradis, que fez sucesso como cantora da música original de “Vou de Táxi” e razoável atriz..., muito parecidas), por sua vez, equilibra fragilidade e força emocional, criando uma Ellen multifacetada e convincente. A química entre os dois personagens acentua o tema da obsessão destrutiva, explorado com intensidade crescente ao longo do filme.
Willem Dafoe entrega outra performance icônica como Albin Eberhart von Franz, um personagem que ecoa a complexidade temática de sua interpretação em A Sombra do Vampiro (2000). Assim como naquele filme, onde viveu uma versão surreal de Max Schreck, Dafoe explora com maestria as linhas entre o real e o imaginário, ampliando a reflexão sobre o poder do mito no cinema e na psique humana.
O roteiro, escrito pelo próprio Eggers, adiciona camadas ao texto original, incluindo uma crítica social discreta e temas como isolamento, desejo e mortalidade. No entanto, a narrativa, embora elegante e atmosférica, pode ser vista como deliberadamente lenta, o que pode afastar espectadores menos pacientes.
Embora nem todos os espectadores possam se conectar com o ritmo deliberado e a abordagem autoral, Nosferatu (2024) é uma experiência cinematográfica que cativa tanto pela beleza quanto pelo desconforto, consolidando Robert Eggers como um dos grandes autores do cinema contemporâneo.
Até o momento, Nosferatu (2024), dirigido por Robert Eggers, recebeu diversas indicações em importantes premiações da indústria cinematográfica:
Critics' Choice Awards: Indicado em quatro categorias técnicas: Melhor Fotografia, Melhor Design de Produção, Melhor Figurino e Melhor Maquiagem e Penteado.
BAFTA Awards: Recebeu cinco indicações, incluindo Melhor Fotografia, Melhor Figurino, Melhor Maquiagem e Cabelo, Melhor Trilha Sonora Original e Melhor Design de Produção.
Oscar 2025: Conquistou quatro indicações: Melhor Fotografia, Melhor Figurino, Melhor Design de Produção e Melhor Maquiagem e Penteado.
Nota: 4,5/5
Em cartaz ainda em alguns cinemas desde o dia 02/01/2025
Mas não deixe de ver (talvez até antes...), o filme original Nosferatu de 1922 (lançado em duas versões - esgotadas - pela Versátil) e disponível no YouTube (https://www.youtube.com/watch?v=eFYhicok3Ro)
Vale conferir também conferir A Edição Especial do livro lançado pela Darkside Books (https://www.darksidebooks.com.br/nosferatu-sinfonia-das-sombras--brindes-exclusivos/)
Leia também a resenha de uma das versões lançadas pela Versátil: http://dvdmagazine.com.br/resenhas/resenha/filme/29912-nosferatu---o-vampiro-da-noite
Para completar assista A Sombra do Vampiro (2000), lançado em DVD pela Europa Filmes é fácil (mas caro) de ser comprado na internet (mas também tem no Youtube a versão dublada: https://www.youtube.com/watch?v=Ieqa2e6CeLw). Também tem a resenha completaleta deste DVD: http://dvdmagazine.com.br/resenhas/resenha/filme/30082-sombra-do-vampiro-a
Sobre o Colunista:
Eron Duarte Fagundes
Eron Duarte Fagundes é natural de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, onde nasceu em 1955; mora em Porto Alegre; curte muito cinema e literatura, entre outras artes; escreveu o livro Uma vida nos cinemas, publicado pela editora Movimento em 1999, e desde a década de 80 tem seus textos publicados em diversos jornais e outras publicações de cinema em Porto Alegre. E-mail: eron@dvdmagazine.com.br