RESENHA CRTICA: O Mdico Alemo (Wakolda/ The German Doctor)
Um filme interessante, mas sbrio demais, da jovem diretora Lucia Puenzo
O Médico Alemão (Wakolda/ The German Doctor)
Argentina, 13. 93 min. Roteiro e direção de Lucia Puenzo. Com Alex Brendemühl, Diego Peretti, Guillermo Pfening, Elena Roger, Florencia Bado, Ana Pauls.
A história parece interessante, mas fique prevenido que não chega a ser suspense e não tem qualquer sensacionalismo. Talvez seja até sóbria demais. Este é o novo filme da jovem diretora Lucia Puenzo, que é filha do importante diretor Luiz Puenzo (Oscar® de filme estrangeiro por História Oficial, de 85, mas que fez poucos filmes depois, como Gringo Velho, com Jane Fonda, para se tornar produtor, também dos filmes da filha, do qual este já é o terceiro longa. Já vimos aqui o segundo XXY, 07, e teve ainda El Niño Pez, 09).
Todo mundo já vai reconhecer de quem Lucia está falando de um caso real, de que todo mundo ouviu muito falar. Na Patagônia, em 1960, um médico alemão encontra uma família argentina e os acompanha até uma pequena cidade onde eles irão começar uma nova vida. São Eva (Natalie Oreiro de Infância Clandestina), Enzo e seus três filhos, que hospedam o doutor em sua casa e deixam a filha Lilliuh a seus cuidados sem saber que estão ajudando um dos criminosos mais perigosos e procurados do mundo, que agentes israelenses não estão conseguindo localizar. Já se disse que o roteiro é um pouco com a fábula do lobo que entra no estábulo e vai se aproveitando da fraqueza alheia (ele quer fazer experiências com a menina Lilith, que tem problemas de crescimento). Há também um paralelo entre o pai e o doutor, um procurando recriar uma boneca para chegar à perfeição humana e o outro em busca do perfeito corpo ariano.
O roteiro é baseado num livro que foi escrito pela própria Lucia (seu quinto romance) mostrando Josef Mengele, o Anjo da Morte da SS Nazista, em parte dos anos que ele passou se escondendo na America Latina.
Exibido no Certain Regard do ano passado em Cannes do ano passado, o filme ganhou um número impressionante de 11 Prêmios da Academia Argentina. Foi melhor direção em Havana e indicado ao Goya de filme Iberoamericana. Não é um novo Meninos do Brazil, muito pelo contrário. Discreto e mesmo recatado (o título Wakolda se refere à boneca da menina), não mostra a parte brasileira da história (já que Mengele teria vindo para as proximidades de São Paulo onde morreu em 1979 sem ser capturado).
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.