RESENHA CRTICA: Relatos Selvagens (Relatos Salvajes)

Um dos melhores filmes do ano, sem dvida

21/10/2014 13:06 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Relatos Selvagens (Relatos Salvajes)

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Relatos Selvagens (Relatos Salvajes)

Espanha/Argentina, 2014. 122 min. Direção e roteiro de Damian Szifron. Com Liliana Ackerman, Luis Manoel Altamirano Garcia, Alejandro Angelini, Damian Benitez, Cristina Blanco, Gustavo Bonfigli, Cesar Bordon, Paulo Bricker, Ricardo Darin, Graciela Fodrini, Dario Grandinetti, Erica Rivas, Leonardo Sbaraglia. Coprodução de Pedro e Agustin Almodovar. Episódios: Pasternak, Las Ratas, Hasta que la Muerte nos Separe,  La Propuesta, Bombita, El mas Fuerte. Música de Gustavo Santaolalla.

 

Foi uma feliz escolha para o filme de abertura da Mostra Internacional de São Paulo, para o último Festival de Cannes e agora para representar a Argentina no Oscar® de filme estrangeiro com grandes chances de ganhar.  Por enquanto ganhou prêmio do público em dois festivais, San Sebastian e Sarajevo e foi indicado para a Academia Argentina em 21 categorias.

Não conhecia o jovem diretor Damian. Nascido em 75, este é seu terceiro longa, mas ficou famoso como roteirista de séries de TV de muito sucesso como Hermanos e Detetives, Los Simuladores. Em 2003 fez o primeiro longa, El Fondo del Mar, com Daniel Hendler. E em 2005, Tiempo de Valentes, com Diego Peretti, de O Médico Alemão e Luis Luque, da série de TV da HBO Epitáfios. A coincidência foi que mexendo sem querer no estoque de filmes em DVD que ainda não tive tempo de assistir, esbarrei num argentino que eu tinha trazido de alguma das viagens. E era justamente o filme anterior Tempo de Violência, que fez boa carreira na Argentina, mas esta inédito aqui. Na verdade, a evolução do diretor é espantosa. Fica muito claro que ele é um roteirista muito talentoso, com diálogos divertidos mas naturais. Também tem o dom de escalar elenco, sem derrapagens, todos convincentes. E sabe contar histórias policiais como aqui, sobre um psiquiatra judeu  Peretti, que é obrigado a ajudar um policial em depressão (a situação lembra um pouco o Billy Crystal em Máfia no Divã). O problema é que se envolvem numa complicada trama de corrupção em todos os níveis, ate mesmo o mais alto. Curiosamente nunca cai na chanchada, que é uma praga brasileira, mas também ainda não tem o ritmo e perfeição do filme mais recente.

Mesmo aqueles que não gostam de filmes em episódios vão gostar deste Relatos Selvagens e desta vez não será apenas pela presença do astro maior Ricardo Darin, que tem uma participação apenas de honra, em  Bombita, como um especialista em explosivos que se revolta contra a burocracia absurda do estado que faz exigências ridículas para que possa pagar multa e recuperar o carro que foi guinchado. Acho que é o menos comédia do grupo e com o devido sabor de crítica (universal por que lembra também o cinema italiano que criou o gênero).

Na verdade, acho difícil destacar qual o melhor ou o favorito porque está tudo muito equilibrado, passando do humor negro. O primeiro passado num avião já em viagem, é tão surpreendente e negro, que não se consegue evitar o riso. Mas depois a luta clássico entre dois de carros, o pobre e o rico, o que tem carro da moda e o caminhoneiro parece um peça musical de tão bem orquestrada (oportunidade para saudar o grande maestro Santolalla). É raro se encontrar um filme do gênero tão bem equilibrado, descortinando aspectos cruéis e tão comuns da natureza humana, culminando na festa de casamento (judeu) Até que a Morte nos Separe, quando a noiva desconfia de traição e parte para um delírio inacreditável de vinganças.

O cinema argentino sofre com todas as dificuldades do seu governo, que consegue ser ainda mais incompetente do que o nosso, e nem por isso deixa de fazer filmes tão divertidos e competentes como este. Um dos melhores filmes do ano, sem dúvida.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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