RESENHA CRTICA: Dvida de Honra (The Homesman)

Sem cair no folclore ou no exagero melodramtico, um poema triste sobre a verdade do Velho Oeste

18/03/2015 16:13 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Dívida de Honra (The Homesman)

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Dívida de Honra (The Homesman)

EUA, 14. Direção e roteiro de Tommy Lee Jones. Com Tommy Lee Jones, Hilary Swank, Meryl Streep, Grace Gummer, Miranda Otto, Sonja Richter, Barry Corbin, William Fichtner, Evan Jones, John Lithgow, Tim Blake Nelson, James Spader, Hailee Steinfeld.

Coproduzido por Luc Besson, este faroeste nada comercial tinha a esperança de indicar Hilary Swank como melhor atriz para o último Oscar. Mas apesar dela estar bem como costume, o papel é pequeno, ela some ainda no meio da história. E deixaram passar em branco para o injusto fracasso este faroeste adulto e pouco movimentado que também esteve em Cannes (renda nos EUA de 4,428 milhões).

Mas é bastante original e feito com competência pelo astro Lee Jones, baseado em livro de Glendon Swartout, que Paul Newman chegou a pensar em dirigir. Não há duvida que Tommy é uma pessoa querida porque conseguiu reunir um elenco de amigos de outros trabalhos, todos excelentes atores em papeis fora do comum, incluindo Meryl Streep (que levou um dia para rodar sua parte e quem está no elenco ainda é a filha dela, Grace Gummer, muito parecida com ela mas que ainda não demonstrou o mesmo talento). Em compensação poucas vezes foi mostrado o Oeste com tão pouco glamour e crueza, não tanto da violência das armas mas do frio, da falta de condições, do ambiente inapropriado para mulheres. Hilary faz Mary Bee Cudy uma fazendeira do Nebraska, uma pioneiro decente e honesta, que trabalha com ética. Respeita pelo pastor local (Lithgow) e os vizinhos, ainda que não seja considerada ideal para se casar. Por não ter uma beleza comum, Jones faz o ajudante dela, Briggs, a ajudar numa jornada ingrata não para o Oeste, mas para o Leste, até Iowa, para levar três mulheres locais que enlouqueceram e precisam de assistência de familiares. A causa da doença é clara: filhos mortos, maridos violentos, terra ingrata.

Este é o faroeste da realidade muitas vezes retratado pela literatura mas em geral ignorado pelo cinema, que sempre prefere a lenda e o mito. Elas são Arabella (Grace, filha de Meryl) apenas uma garota que recusa falar ou se movimentado, depois de ter perdido os filhos. A norueguesa Gro (a Sonja, do filme O Amante da Rainha) que uiva e morde. E Theoline (a australiana Miranda) que afogou o bebê numa latrina. No caminho, elas esbarram nos velhos clichês do gênero, índios, pistoleiros, mau tempo.

Sem cair no folclore ou no exagero melodramático, é um poema triste sobre a verdade do Velho Oeste, a coragem dos emigrantes, o sofrimento das mulheres.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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