OSCAR 2014: Os Croods (The Croods)
Não é nenhum clássico nem pretende ser. Mas é uma diversão simpática e eficiente. Ser indicado já foi uma honra.
Os Croods (The Croods)
EUA, 13. Direção de Kirk De Micco e Chris Sanders. 98 min. Animação. Vozes originais de Nicolas Cage, Ryan Reynolds, Emma Stone, Catherine Keener, Cloris Leachman, Clark Duke.
Este foi novo desenho da Dreamworks, a produtora que infelizmente estava sofrendo problemas de dinheiro, de tal forma que depois do semi fracasso de A Lenda dos Guardiões (que rendeu pouco para seu alto custo), outros projetos foram cancelados e o futuro no momento parece incerto. Uma pena porque eles tem feito um bom trabalho e certamente ajudaram a criar a atual moda do gênero (claro que vocês já perceberam que todos os estúdios produzem animação e as distribuidoras estão trazendo ate mesmo os desenhos europeus que já são mais artesanais, que as vezes nem mereciam essa atenção). Mas o fato é que hoje a animação traz grandes bilheterias, mas como é muito cara também provoca riscos (custou 135 milhões e rendeu 187 nos EUA e 400 milhões de dólares no exterior).
Eu sou fã da animação e sempre os assisto com prazer, mas tenho que admitir que os últimos filmes do gênero não tem sido especialmente criativos, nem mesmo os da Pixar. Este aqui foi feito por uma dupla ainda não tão consagrada, Kirk (de Space Chimps) e Chris (Como Treinar seu Dragão) e naturalmente é consequência de outros, como obviamente A Era do Gelo (que lembra muito, só que agora com uma família de homens da Caverna em vez de bichos e em vez da neve, o mundo em erupção, mas basicamente é a historia de uma grande fuga). Falam também que lembra demais uma antiga série de teve que eu desconheço chamada The Gogs (94), que justamente sobre família pré-histórica que vive em cavernas de onde são obrigados a fugir por causa de cataclisma.
Então já sabem: não procurem originalidade, mas uma historia divertida, contada com muita ação, muitos absurdos (claro são outras as regras para animação em particular esta que é endereçada a crianças. Mas de vez em quando eu dava uma risada ou grunhida porque o filme tem bastante humor). Grug é o nome do pai da família que ele mantém unida e escondida numa caverna, porque tudo fora era perigoso. A história é narrada pela filha deles, Eep, uma atleta rebelde que ânsia pela liberdade e o calor do sol. Tem a mãe, a avó que Grug deseja morta, o irmão mais velho. Eep está prestes a fugir quando ela esbarra num nativo com jeito mais de humano/índio, que eventualmente irá fazer parte do núcleo central (o filme tem uma boa moral, mostrando a luta do pai –mesmo que por vezes de forma covarde e nada heroica - faz tudo para proteger sua família e os manter unidos). Mas aquele mundo está prestes a explodir e eles tem que fugir, não sabem bem para onde, indo em direção a montanha mais alta. São acompanhados pelo bicho preguiça que é animal de estimação de Guy (outros bichos bizarros irão aparecer), quando eles vão passando e escapando de lugares cada vez mais exóticos e que denotam claramente que os realizadores assistiram e ficaram influenciados por Avatar de James Cameron (a direção de arte por vezes é por demais semelhante).
Mas eu gosto da narrativa rápida, da direção cheia de efeitos e movimento, mesmo dos personagens bastante simpáticos e desastrados. Os Croods não é nenhum clássico nem pretende ser. Mas é uma diversão simpática e eficiente. Ser indicado já foi uma honra.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.