RESENHA CRTICA: Operaes Especiais
O resultado do filme, com todos os defeitos, graas ao timo elenco, no chega a ser to ruim


Operações Especiais
Brasil, 15. Direção de Tomas Portella (e equipe). Roteiro de Mauro Lima, Portella, Martina Rupp. Com Cléo Pires, Marcos Caruso,Fabrício Boliveira, Olivia Araujo, Jonathan Azevedo, Amélia Bittencourt, Fabíula Nascimento, Thiago Martins, Analú Prestes, Fabio Lago.
Confesso que nunca tinha visto isso antes, no crédito do filme, como diretor, está assinado Tomas Portella (que já é um cara experiente, tendo assinado e suponho que feito antes, além de uma longa carreira como diretor assistente, o terror Isolados, que passou em Gramado em homenagem a Jose Wilker, o horrível Qualquer Gato Vira-lata e ainda o recente Desculpe o Transtorno que está para estrear com Dani Calabresa) "e equipe"... O que parece significar que todos poderiam ter trabalhado no resultado do filme, meio obra coletiva, o que fica muito claro quando se percebe que o texto dito por Marcos Caruso, como delegado honesto, não tem nada a ver com o resto do script, na verdade é muito melhor. Espirituoso, inteligente e com frequência aparece em voz off em cima de cenas genéricas, ou seja, deve ter sido acrescentado na montagem, para melhorar o filme. Pena que não puderam corrigir outros problemas, o mais grave deles é deixar Cléo Pires, sem a menor direção, exagerando nas caras e bocas, num papel dramático que a direção ou falta de deixou maquiada e vestida como se fosse uma prostituta e não uma moça de família, com mãe e boas intenções.
A incompetência poderia ser ainda mais chocante não fosse a surpreendente qualidade dos atores, até mesmo coadjuvantes (deixamos o exagero dos vilões). Que coisa boa ver atores jovens mas experientes que fazem tudo como se fosse Shakespeare. OK, exagerei, mas é porque é bom ver Fabrício Oliveira interpretar com tanta verdade um policial e Fabíula Nascimento, geralmente comediante, no papel de uma dona de salão de beleza que prefere se acertar com o mundo do crime. Mesmo o roteiro não é tão ruim, considerando que prefere suavizar a realidade, dividindo os personagens entre policiais honestos e sérios e uns poucos que seriam corruptos e malcomunados com os ricos e poderosos, até mesmo as séries americanas policiais já são mais realistas do que isso e depois de Tropas de Elite I e II dá vergonha cair no esquema. Na história, uma moça de classe média larga um emprego num hotel, ela fez faculdade de turismo, para se inscrever na polícia onde diz o filme as pessoas são bem pagas (!!!) e acaba sendo mandada para o interior do Estado do Rio onde um delegado (um ótimo Caruso) está tentando resolver um crime (não mostrado) com crianças e insiste em fazer uma limpeza geral, indo até ao topo da hierarquia da cidadezinha. Com as consequências óbvias.
As cenas de ação e tiroteio (mais gente se machucaria com aquelas armas poderosas) são razoáveis e o resultado, com todos os defeitos, graças a tal equipe não chega a ser tão ruim.


Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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