RESENHA CRTICA: Horas Decisivas (The Finest Hours)
O que poderia ser uma aventura absorvente se tornou um fracasso que um dia em breve voc poder assistir na televiso sem muito desgaste
Horas Decisivas (The Finest Hours)
EUA, 16. 117 min. Direção de Craig Gillespe. Roteiro de Scott Silver, Paul Tamasy, Eric Johnson. Baseado em Livro de Casey Sherman e Michael J. Tougias. Com Chris Pine, Ben Foster, Casey Affleck, Eric Bana, Holliday Granger, John Ortiz, Kyle Galiner.
Este é um equívoco da hoje tão bem sucedida Disney, ainda mais quando exibida em 3D. Eu o assisti numa pré-estréia americana numa sala onde só estava eu, ainda que num horário nobre. Interessei-me pela história que vi tantas vezes em chamadas, principalmente por que era mais outra história real. Mas esse é mais um dos problemas, já que ficamos sabendo pela divulgação que se trata de um momento de grande heroísmo quase inacreditável mas verdadeiro. Assim vemos o filme já sabendo quem vai sobreviver, trair, ou morrer! E isso estraga grande parte do clima.
A princípio me lembrou um pouco Mar em Fúria, com George Clooney (que era sobre tempestade no mar que ameaçava pescadores). Aqui a ação é ainda mais antiga. Em 1952, uma poderosa tempestade (no inverno quando a costa de Cape Cod está coberta de neve) agita os mares e ameaça um navio de carga que periga naufragar e acaba rachando no meio. Tem poucas horas para salvar sua tripulação (quem controla é Casey, modesto mas eficiente irmão de Ben Affleck) Ninguém na Guarda Costeira tem coragem de enfrentar a morte certa, a não ser um tímido e jovem Chris Pine, que com um punhado de voluntários vai atrás do navio em perigo. Contra todos e contra tudo, realizam o improvável.
Minha tendência é culpar a escolha do diretor, esse Gillespie, que fez antes um terror ruim (a refilmagem de A Hora do Espanto), uma história de beisebol que passou em branco (Arremesso de Ouro) e uma comédia independente curiosa com Ryan Gosling, A Garota Ideal. Não sabe o que fazer com este grande orçamento nem com o elenco. Pine tenta representar o desajeitado herói, mas chega a ser constrangedor, nem tanto quanto o horrível Eric Bana e principalmente a figura mais desagradável do filme que é a namoradinha do herói, que o persegue e procura de uma maneira constrangedora (a inglesa Holliday Grainger, que fez Lucrécia Borgia na tele série conseguiu passar de sedutora a chata!).
Enfim, o que poderia ser uma aventura absorvente se tornou um fracasso que um dia em breve você poderá assistir na televisão sem muito desgaste. Até lá todos já terão esquecido deste passo em falso.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.