100 Rifles

Conheça a história por detrás do filme: A Revolução Mexicana

30/10/2016 22:05 Por Marcus Pacheco
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Como de costume, em todo texto que tenho feito conto um pouco de alguma história relevante relacionada ao filme em questão. Hoje será sobre...

Revolução Mexicana

Foi um grande movimento  antilatifundiário, anti-imperialista e armado que começou em 1910 com uma rebelião liderada por Francisco I. Madero contra o antigo autocrata general Porfirio Diaz. Foi a primeira das grandes revoluções do século XX.

Principais Causas

A elite agrária predominava completamente no México, sempre determinando quem seria  o governante máximo. Em 1876 assumiu Porfírio Dias, que governou de forma ditatorial. Mesmo tendo havido um pequeno desenvolvimento industrial durante o período  em que esteve à frente do país, a elite agrária permaneceu no poder, pois a base econômica continuou a ser a exportação de produtos agrícolas e de minérios. Porfírio Diaz governou o México por mais de trinta anos. Mantinha-se uma aparência de democracia, pois eram realizadas eleições periodicamente, mas elas eram manipuladas para que ele sempre se reelegesse. Em 1910, nas eleições, Diaz novamente foi eleito, porém seu opositor, Francisco Madero conseguiu rebelar a população e assumiu, com a promessa de realizar a tão esperada reforma agrária.

No entanto, a  promessa não foi cumprida agravando ainda mais a já péssima condição de vida dos camponeses. Liderados então por Emílio Zapata e Pancho Villa, eles iniciaram a luta contra Madero, conseguindo tirá-lo do poder. Posteriormente, derrubaram também o seu sucessor, o general Huerta.  

Revolucionários Mexicanos

 

Sentado, à esquerda, Pancho Villa e, à direita, Zapata

Inicialmente Zapata e Villa propunham a expropriação dos latifúndios (inclusive os pertencentes à Igreja) para posterior divisão entre camponeses; o reconhecimento dos direitos indígenas sobre as terras que lhes haviam sido tomadas e a nacionalização das terras daqueles que fossem considerados inimigos da revolução. Nas eleições de 1914, o latifundiário Carranza, apoiado pelos Estados Unidos, foi eleito presidente. Sua principal promessa era a elaboração de uma nova Constituição, que, de fato, foi aprovada em 1917.

A nova Constituição, aparentemente liberal, caracterizava-se por conceder ao Estado do direito de expropriar terras, caso fosse utilizá-las para benefício público, ao mesmo tempo que reconhecia os direitos dos índios sobre as terras de uso comum. No campo das relações de trabalho, criou-se o salário mínimo e determinou-se que a duração da jornada de trabalho seria de oito horas. A Igreja Católica foi sensivelmente abalada em seu poder com a separação entre Estado e Igreja.

Para garantir que Carranza fosse bem-sucedido em seu governo, os Estados Unidos chegaram a invadir o território mexicano em uma tentativa de prender Pancho Villa. A morte de Zapata, assassinado em 1919, e de Pancho Villa, morto em 1923, foi um golpe duro para os camponeses. O governo norte-americano pressionava para que  as reformas fossem implantadas rapidamente, a fim de evitar novos problemas. A Igreja Católica, por sua vez, exercia pressão sobre o governo, porque desejava recuperar o que havia perdido. Tudo isso levou o processo revolucionário praticamente ao fim.

Em 1929 foi criado o Partido Nacional Revolucionário (PRN), resultado da unificação das diferentes correntes revolucionárias, e que seria a base do Partido Revolucionário Institucional (PRI), criado em 1946. Essa mudança implicou o abandono dos princípios revolucionários de 1910.

Apesar da significativa reforma agrária implementada pela Revolução, com o tempo os camponeses perderam muitas terras que haviam conquistado. As dificuldades em conseguir uma produção em larga escala e a baixo custo, as dívidas bancárias, a concorrência dos produtos agrícolas norte-americanos e a maior mecanização das propriedades mais modernas acabaram por inviabilizar a pequena propriedade.

Principais Consequências

Primeiramente, o declínio do Caudilhismo. Foi criado  um novo sistema político, denominado Populismo. Houve também o controle das massas pelos meios de comunicação. E por fim a nacionalização de Companhias Americanas de Petróleo e criação da PEMEX mexicana.

Sem Rifles ou 100 Rifles?

Neste contexto se desenvolve a história do filme. Yaqui Joe (Burt Reynolds) auxilia os índios em sua luta contra a opressão do governo roubando armas. Isso faz com que o xerife Lyedecker (Jim Brown) o cace. Ao mesmo tempo, Sarita (Raquel Welch) busca vingar-se do general governante (Fernando Lamas) responsável pela morte de seu pai. O trio então acabará associando-se em defesa dos indígenas.

Nunca esteve tão atual este filme feito em 1969, estrelado por Raquel Welch. Sim... ela é a atriz principal, ladeada por Reynolds e Brown. Seu papel é de uma mulher forte (tema atual e raro nos westerns), e que de quebra dá um tapa nos preconceituosos sendo um dos primeiros filmes a exibir cenas de sexo interracial no cinema.

Inclusive a morte do ditador pelos índios é extremamente parecida com de Muammar al-Gaddafi em 2011.

Burt Reynolds interpreta um mestiço (metade branco, metade índio yaqui ) nativo americano. Reynolds já havia interpretado um índio navajo no filme Joe, o Pistoleiro Implacável (1966). Burt é descendente de índios cherokee. 

Curiosamente, o trio de atores principais estão vivos ainda (pelo menos até 26/10/2016), enquanto o diretor partiu num longínquo 1977 (um ano depois que nasci...), prematuramente aos 54 anos de ataque do coração.

E Fernando Lamas, o Gen. Verdugo, é pai de Lorenzo Lamas, o manjado ator de filmes de ação do anos 80/90.

A imagem do filme está esplendorosa. Vale muito a pena a conferida.

 

Ficha Técnica do DVD lançado pela Classicline:

Título Original: 100 Rifles
Ano de Produção: 1969
Audio: 1.0 E 2.0 Dolby Digital
Elenco: Burt Reynolds, Raquel Welch, Jim Brown, Fernando Lamas.
Direção Tom Gries.
Direção de Arte: Carl Anderson
Fotografia: Cecilio Paniagua
Duração: 109 min aprox.
Extras: Trailer, Galeria de Fotos e Cartazes originais.
Formato de tela: Widescreen
Idioma: Inglês
Legendas: Português e Espanhol

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Sobre o Colunista:

Marcus Pacheco

Marcus Pacheco

Marcus V. Pacheco é jornalista, formado na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Cinéfilo, Editor de site, Colecionador e Escritor. Marcus já realizou vários curtas metragens e um longa chamado "O último homem da terra (2001)", baseado no conto de Richard Matheson. Escreveu também 30 e-books sendo 29 sobre cinema e um de ficção que está em fase inicial para publicação. Criador e editor do site "Tudo sobre seu filme (http://www.tudosobreseufilme.com.br/)" onde publica críticas, listas, aulas de cinema e curiosidades do mundo da 7ª arte há 4 anos, além de realizar entrevistas com atores, diretores, críticos e colecionadores do mundo todo.

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