RESENHA CRTICA: A 100 Passos de Um Sonho (The Hundred Foot Journey)

uma fabula repleta de fantasia e boa vontade.

22/09/2014 11:29 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: A 100 Passos de Um Sonho (The Hundred Foot Journey)

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A 100 Passos de Um Sonho (The Hundred Foot Journey)

EUA/França, 14. Direção de Lasse Hallstrom. Roteiro de Steven Knight. Baseado em livro de Richard c. Morais. Com Helen Mirren, Om Puri, Manish Dayal, Charlotte Le Bon, Amit Shah, Farzana Dhua, Michel Blanc, Vincent Elbaz.

 

É preciso não esconder o atrativo mais interessante desse novo filme do sueco Lasse Hallstrom (que fez Chocolate) sobre culinária: justamente o fato de que ele foi produzido numa parceira de Steven Spielberg e Oprah Wimphrey. Isso deve explicar o fato de que o filme teve uma bilheteria razoável (50 milhões de dólares e ainda em cartaz) para um gênero muito especifico que procura unir os prazeres e delicias de dois tipos de cozinha, ambas muito requintadas a sua maneira. A indiana e francesa.

Naturalmente é uma fabula repleta de fantasia, boa vontade, de fogos de artifício explodindo no céu e principalmente sonhos possíveis de realizar com a ajuda da fantasia do cinema. Embora possamos reclamar de alguns detalhes, tais como a escolha da super britânica Helen Mirren (ainda que seja russa de nascimento) para fazer um grande cozinheira e dona de restaurante tradicional de interior. Fica difícil engolir isso, em parte porque muito mitos do cinema Francês estão vivas e ativas (Danielle Darrieux, Michele Morgan, Micheline Presle etc.) ainda que não populares atualmente e no mundo inteiro quanto ela. Tentaram dar a Helen um sotaque indefinido, sem tocar no assunto e lhe dando maquiagem e figurinos mais suaves.

Mas tem muito acertos. Assisti o filme numa bela projeção em São Paulo, que me permitiu embarcar inteiramente na fantasia do jovem indiano Hassan, que é o narrador da história. Ele nasceu o dom de cozinhar que aprendeu da mãe. Mas a família toda teve que escapar para a Europa onde agora tentam encontrar um lugar onde possam montar o restaurante de seus sonhos. Os breques do carro se quebram e por acaso, com a ajuda de um pouco de intuição, eles compram uma velha casa abandonada que fica justamente em frente a um restaurante tradicional de Helen, Madama Mallory, famoso por ter um lendário Estrela do guia de gastronomia Michelin (num dialogo eles dizem “na França, eles são deuses”!).

O filme minimiza um pouco as ações de bruxa de Helen justamente porque vai muita água a rolar, como o desastre da primeira experiência, o romance de Hassan com outra aprendiz de cozinheira (Charlotte Le Bon, a cara de Winona Ryder só que mais alta e com os dentes precisando urgente de correção), um atentado contra os indianos, a luta para conseguir uma segunda estrela e por ai o filme não sabe evitar problemas, vai ficando arrastado, se repetindo, levando Hassan para Paris onde vai pesquisar novos tipos de pratos (no disfarçado Georges do Pompidou etc e tal).

Podia ser mais direto e curto, para evitar o excesso de mel e se limitar as receitas e ao romance (rodado no Castelnau de Lévis, Tarn, Saint Antonin Noble Val, Tarn e Garonne, Saint-Jory, Haute Garonne).

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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