A Morte Te Dá Parabéns
Tree é uma estudante egoísta, adora baladas e curte sair com amigos. No dia do seu aniversário é assassinada brutalmente. Porém, quando morre, o dia recomeça, e ela viverá tudo de novo, num looping eterno. Sabendo disto, Tree procura a identidade do assassino mascarado ao mesmo tempo em que dribla a morte.
A Morte Te Dá Parabéns (Happy death day). EUA, 2017, 96 min. Terror/Suspense. Colorido. Dirigido por Christopher Landon.
Uma inteligente fita de mistério com horror que foi um verdadeiro sucesso nos Estados Unidos e pegou aqui no Brasil, produzida pela Blumhouse, especializada no gênero, a mesma produtora de “Corra”, “Sobrenatural”, “Uma noite de crime”, “O presente” e dos dois últimos bons trabalhos de M. Night Shyamalan, “A visita” e “Fragmentado”.
Com toques de humor à moda americana, também é uma brincadeira aterrorizante em homenagem aos sanguinários slashers dos anos 80, com psicopata mascarado, mortes horrendas e perseguições a pé – até a capa lembra o cultuado slasher de título semelhante “Feliz aniversário para mim” (1981).
Conta a angustiante história de uma universitária presa no tempo (boa interpretação da linda Jessica Rothe, de “La La Land: Cantando estações”), que revive todos os dias o seu próprio assassinato, num circuito macabro. No vai e volta repleto de sangue, ela procura respostas para desvendar a identidade do criminoso, disfarçado com máscara de criança. Os amigos passam a ser suspeitos, outros crimes entram em cena, e o assassino inventa mil e uma armadilhas para capturá-la. Quem quer matar Tree e quais as intenções por trás desse crime chocante? Assista logo para descobrir!
O lance máximo de “A morte te dá parabéns” está no looping. A personagem sabe tudo o que vai acontecer, passo a passo, de quando acorda com um ficante na república até o encontro com o mascarado, numa recurso intenso de repetição temporal, com jogo de câmeras resultando em ângulos absolutamente modernos. O looping de tempo, no caso o de morrer e voltar, não é criação nova, mas numa obra de terror deu certo, chegando a ser original no gênero – o estilo apareceu em “Meia-noite e um” (1993), “Feitiço no tempo” (1993) e no recente “No limite do amanhã” (2014). Perceba que aparece até na abertura, uma sacada brilhante com a logo da Universal (distribuidora do filme).
Perseguições, tensão e sustos não vão faltar nesse que foi o terror mais original do ano passado, garantia de sucesso agora em DVD e Bluray. Custou U$ 5 mi, um orçamento mínimo de filme independente, e rendeu 24 vezes mais no mundo todo, com um recorde de U$ 122 milhões, ficando dois meses e meio em cartaz nas principais salas do país.
O diretor Christopher Landon havia experimentado o terror no descartável “Atividade paranormal: Marcados pelo mal” (2014) e subvertido o gênero no mediano “Como sobreviver a um ataque zumbi” (2015), realizando aqui o melhor trabalho, ao lado do roteirista dos desenhos de “X-Men” e “Godzilla” dos anos 90, Scott Lobdell. O cineasta anunciou a parte 2, prevista para 2019.
Destaque para a fotografia com intensas cores quentes, que reforça o medo e a maturidade dos personagens. Foi assinada pelo diretor de fotografia Toby Oliver, responsável por outras produções da Blumhouse, como “Corra”, “A escuridão” (2016) e “Sobrenatural: A última chave” (2018).
Gostei demais quando assisti no cinema, revi dias atrás em DVD e deixo como dica aos interessados. Ah, no DVD, vejam os extras sobre a produção, cenas excluídas e o final alternativo.
Sobre o Colunista:
Felipe Brida
Jornalista e especialista em Artes Visuais e Intermeios pela Unicamp. Pesquisador na área de cinema desde 1997. Ministra palestras e minicursos de cinema em faculdades e universidades. Professor de Semiótica e História da Arte no Imes Catanduva (Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva) e coordenador do curso técnico de Arte Dramática no Senac Catanduva. Redator especial dos sites de cinema E-pipoca e Cineminha (UOL). Apresenta o programa semanal Mais Cinema, na Nova TV Catanduva, e mantém as colunas Filme & Arte, na rede "Diário da Região", e Middia Cinema, na Middia Magazine. Escreve para o site Observatório da Imprensa e para o informativo eletrônico Colunas & Notas. Consultor do Brafft - Brazilian Film Festival of Toronto 2009 e do Expressions of Brazil (Canadá). Criador e mantenedor do blog Setor Cinema desde 2003. Como jornalista atuou na rádio Jovem Pan FM Catanduva e no jornal Notícia da Manhã. Ex-comentarista de cinema nas rádios Bandeirantes e Globo AM, foi um dos criadores dos sites Go!Cinema (1998-2000), CINEinCAT (2001-2002) e Webcena (2001-2003), e participa como júri em festivais de cinema de todo o país. Contato: felipebb85@hotmail.com