RESENHA CRTICA: O Orgulho (Le Brio)

O resultado irregular, mas apresenta uma Paris atual, com um tom mais leve que procura denunciar os problemas e crises de forma inteligente

17/07/2018 17:20 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: O Orgulho (Le Brio)

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O Orgulho (Le Brio)

França, 2017. 1h35 min. Direção de Yvan Attal. Roteiro de Victor Saint Macary, Yael Langman e mais 12 créditos. Com Daniel Auteuil, Camélia Jordana, Hiassin Houicha, Nicolas Vaude, Jean Baptiste Lafarge, Virgil Leclaire.

Nenhum dos dois títulos, o francês ou o nacional, são felizes, nem ilustram muito bem o que vêm a ser este filme francês que me fez lembrar um filme inglês, muito parecido só que mais engraçado e mais leve, talvez ate porque os tempos mudaram e tudo ficou mais dramático e pesado. Falo de O Despertar de Rita (83) de Lewis Gilbert, com Michael Caine e a então novata Julie Walters (que chegaram a ser indicados ao Oscar pelo papel, assim como o roteiro). É sobre uma estudante cabeleireira ambiciosa que pede a ajuda de um professor alcoólatra. Só que a situação na França atualmente é bem mais confusa e complicada, com problemas raciais e conflitos sociais, mais do que românticos (que aqui não chegam a suceder entre os protagonistas). Talvez por isso que achei o filme um pouco clichê, facilitando coisas e problemas que sabemos que na vida real são bem mais graves e polêmicos. E que falar de racismo não é uma coisa muito fácil de lidar, em particular na Europa atual.

O filme chegou a dar um prêmio de revelação para a atriz principal, que vem de família de emigrantes argelinos, Camélia Jordana (1992) que já tem 15 créditos, alguns passaram aqui (Nós, ou Nada em Paris, A Sua Completa Disposição e o novo Curiosa). Realmente ela é boa atriz , com presença forte na tela, no difícil papel de Neila, que vive num prédio modesto no subúrbio de Paris, com sua mãe e avó e até um rapaz que dirige Uber (chamado Mounir). Ela esta decidida a se tornar advogada e por isso se inscreveu no chamado Assas a Universidade de Paris. Mas chega atrasada logo no primeiro dia e sofre um ataque altamente ofensivo de um professor veterano Pierre Mazard (Auteiul, que continua a ser um grande ator mesmo com um personagem tão desagradável quanto este aqui). Ele a ofende estupidamente e isso provoca a reação negativa dos alunos e também de outros professores. Para não ser despedido, ele tem que enfrentar um desafio, ensaiar a moça e lhe ensinar todos os truques da profissão. Naturalmente tudo isso é cheio de reviravoltas e dificuldades, momentos dramáticos (e tem um problema ao final, no fundo demonstra que para ser advogado é preciso fazer muita concessão e portanto não ser totalmente honesto!).

Quem realizou o filme é um veterano e ator franco-judeu Yvan Attal que já fez filmes de todo tipo como ator (Munich, A Hora do Rush III, Viagem do Coração, Uma Agente Muito Louca, num total de 55 créditos), mas é bem intencionado, embora seus 8 trabalhos como diretor ficaram inéditos aqui (uma falha por sinal). O resultado é irregular, mas apresenta uma Paris atual, com um tom mais leve que procura denunciar os problemas e crises de forma inteligente. Francamente tem defeitos, mas me envolvi com as situações e propostas.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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