O Segredo: Ouse Sonhar

O roteiro escrito por Andy Tennant (tambem diretor) e Rick Parks eh habil em costurar a historia com os pensamentos presentes no livro

05/10/2020 14:06 Por Adilson de Carvalho Santos
O Segredo: Ouse Sonhar

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O Segredo: Ouse Sonhar ***

Nos tempos difíceis que temos vivido com a pandemia; assistir a um filme capaz de mostrar que existe uma luz no fim do túnel é mais do que uma agradável experiência. Então, com a reabertura das salas de exibição desde a última quinta (1/10), por que não recomeçar com uma história que desperte sentimentos de esperança. Também disponível no serviço Now da Net, a indicação é "O Segredo: Ouse Sonhar”.  

Vocês reconhecerão o título do famoso livro de auto-ajuda da escritora australiana Rhonda Byrne. O best seller “O Segredo” já foi adaptado em 2006 na forma de documentário, realizado no rastro de impressionantes números alcançados pelo livro: traduzido para 50 idiomas, com cerca de 30 milhões de cópias vendidas no mundo, impulsionado ao topo da popularidade quando foi divulgado no programa televisivo de Oprah Winfrey em 2007. Sua filosofia de que o pensamento é energia atrativa foi influenciada pelo livro “The Science of Getting Rich” do autor americano Wallace Wattles, publicado em 1910. Rhonda o havia ganhado de sua filha durante um período de extrema dificuldade, e ficou impressionada com a ideia de que o sucesso e a prosperidade podem estar mais próximos quando se mantem a mente positiva. Sua pesquisa incluiu frases de figuras bem-sucedidas na história como Albert Einstein e Alexander Graham Bell, e sobretudo explica como a gratidão é uma força motriz tão potente que pode guiar nossos passos através das adversidades. 

É com esse espírito de otimismo que Bray Johnson, o personagem de Josh Lucas, chega a New Orleans com um envelope endereçado à viúva Miranda Wells (Katie Holmes). O encontro dos dois personagens parece predestinado por eventos maiores que a vontade individual deles. Miranda se encanta com a predisposição de Bray em ajudá-la seja a reparar sua casa após uma tempestade ou a lidar com os dois filhos adolescentes. Já Bray parece nunca conseguir fazer sua entrega; e apesar de toda sua filosofia, também é carregado pela correnteza de casualidades que conduz a história. Fãs do livro repararão que o envelope que Bray leva traz um selo idêntico ao usado na capa do livro de Rhonda Byrne.

O roteiro escrito por Andy Tennant (também diretor) e Rick Parks é hábil em costurar a história com os pensamentos presentes no livro, chegando em alguns momentos a me lembrar do espírito positivista de Frank Capra. Bray leva Miranda a uma mudança de postura diante das adversidades, como se ele fosse seu Clarence, o anjo que salva George Bailey (James Stewart) no clássico "A Felicidade não se compra” (1946). Embora o filme de Capra pertença a uma outra dimensão, "O Segredo: Ouse Sonhar” promove uma sensação de redenção para quem carrega problemas com os quais não sabe como lidar. O filme ainda traz a participação de Jerry O'Connell como Tuck Middendorf, patrão e noivo de Miranda que representa para Miranda uma segurança financeira, mas um fracasso como relação amorosa.  

Os dilemas enfrentados pela protagonista são fáceis de se identificar graças à atuação sensível dada pela ex-senhora Tom Cruise, que aos 20 anos conquistou corações como a Joey do seriado “Dawson’s creek” (1998-2003). A química entre ela e Josh Lucas (do seriado “Yellowstone”) se constrói gradativamente, mas é visível à medida que os acontecimentos se entrelaçam; e o passado de Bray inevitavelmente vem à tona no terço final da história. Mesmo sabendo que sua história não passa de algo criado para se aproveitar do sucesso do livro de auto-ajuda mais famoso da atualidade, no momento de medo e incertezas da pandemia este consegue imprimir na mente 1h47minutos agradáveis, e mesmo que para alguns tudo pareça passe de mágica, ou fantasioso demais, mostra que para se achar a felicidade; esta não se compra, mas certamente podemos buscá-la dentro de cada um e nós, não por causa dos obstáculos que enfrentamos, mas apesar deles, e por isso justifica-se o subtítulo "Ouse sonhar”. Ao menos nas telas, é bem mais fácil. 

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Sobre o Colunista:

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos

Adilson de Carvalho Santos e' professor de Portugues, Literatura e Ingles formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pela UNIGRANRIO. Foi assistente e colaborador do maravilhoso critico Rubens Ewald Filho durante 8 anos. Tambem foi um dos autores da revista "Conhecimento Pratico Literatura" da Editora Escala de 2013 a 2017 assinando materias sobre adaptacoes de livros para o cinema e biografias de autores. Colaborou com o jornal "A Tribuna ES". E mail de contato: adilsoncinema@hotmail.com

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