RESENHA CRTICA: O Doador de Memrias (The Giver)
Rubens Ewald Filho: "No muito comercial, no tem quase ao, acho difcil fazerem a continuao"
O Doador de Memórias (The Giver)
EUA, 14. 97 min. Direção de Philip Noyce. Com Meryl Streep, Jeff Bridges, Brenton Thwaites, Alexander Skarsgaard, Katie Holmes, Odeya Rush, Cameron Monaghan, Taylofr Swift.
Fiquei desanimado vendo a bilheteria fraca nos EUA (41 milhões de dólares e já saiu de cartaz) deste filme de bom elenco, bom produtor (os irmãos Weinstein). Famoso nas livrarias (está disponível toda a edição se não me engano de 4 tomos), só depois que descobri que não pertence a atual safra de aventuras sobre distopias mas foi escrito há bastante tempo para uma senhora americana (Lois Lowry) há mais de vinte anos. Parece mesmo que o ator Jeff Bridges fez uma versão amadora da história com o pai dele Lloyd Bridges (já falecido) e os irmãos, só porque gostava tanto da história (e aparentemente está perdida). Depois disso o filme atual é muito curto (apenas 97 minutos) e pelo andar da carruagem acho difícil fazerem a continuação. Simplesmente porque não é muito comercial, não tem quase ação (as pessoas não brigam, há uma vaga perseguição de avião e só acontece alguma coisa depois de 45 minutos de bla bla bla).
Apesar de tudo não deixa de ter algum interesse esta situação de um mundo a parte que vive fechado e controlado por regras, outra distopia, onde apenas uma pessoa fica sabendo das verdades do mundo, justamente com a futura missão de chegar tudo a um equilíbrio. Mas pensando bem isso não faz grande sentido, a trama é frágil demais. O roteiro em vez de ganhar força vai ficando pueril. Rodado na África do Sul, o filme brinca em alternar cores, insistindo muito no branco pouco preto para apresentar a sociedade que vive em condomínios iguais, pensando igual, evitando problemas (eu fiquei pensando que Katie Holmes deve ter aceitado o filme porque com certeza lembrou de que por pouco livrou a filha que teve com Tom Cruise de ser obrigada a ser criada em algo parecido e falso). Por outro lado, quando defendem os valores dos prazeres que compensam a vida atual do ser humano (o amor, a música, os casamentos, a dança no deserto!) a gente começa a olhar ao redor, pensar nos Ebolas, nos assassinos religiosos e no caos do mundo presente, que fica até um pouco na dúvida!
Falta de novidade, falta de ação, ao menos no elenco tem uma jovem israelense linda (Odeya Rush), Meryl com cara de bruxa (bem podia passar sem fazer este né?) e Jeff Bridges, continua a não me convencer.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.