RESENHA CRTICA: Coraes de Ferro (Fury)

O filme retrata um tipo de histria antiquada e descartvel

05/02/2015 16:06 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Corações de Ferro (Fury)

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Corações de Ferro (Fury)

EUA, 14. 134 min. Direção e roteiro de David Ayer. Com Brad Pitt, Shia LaBeouf, Logan Lerman, Michael Peña, Jon Bernthal,Jim Parrack, Jason Isaacs, Scott Eastwood.

Foi o próprio Brad Pitt quem produziu este drama de Segunda Guerra Mundial de orçamento generoso (68 milhões de dólares) que foi apenas razoável nas bilheterias americanas (82 milhões nos EUA e mais 172 no resto do mundo). Enquanto sua mulher Angelina Jolie fazia um filme sobre o mesmo assunto, parece que Pitt resolveu partir também para o gênero que lhe tinha sido tão simpático em Bastardos Inglórios.  Mas logicamente lhe falta um Tarantino e uma razão mais forte para fazer um drama sobre tanques, que não traz nada de novo (ao contrário, parece ter sido feito num limbo, sempre clima sombrio, trágico, com os atores se divertindo em se sujarem). A ação se passa nos últimos meses da Guerra quando as tropas americanos já estão atravessando a Alemanha na primavera de 1945. Pitt faz o Sargento Don Collier (Wardaddy é o apelido), mas graças a mediocridade do diretor Ayer o filme é literal e sem brilho (Ayer fez Tempos de Violência,  com Christian Bale, 05, Os  Reis da Rua, 08 com Keanu Reeves, Marcados para Morrer, com Jake Gyllenhaal, 12 e Sabotage com Schwarzernegger, 14,  acho que ainda inédito aqui!).

Basicamente o filme segue o tanque Sherman, apelidado Fury, com sua equipe de cinco pessoas, incluindo um soldado novato (Logan). Não há preocupação em esconder a violência ao contrario. Os nazistas são castigados, algumas mortes são detalhadas. Mas parece que a intenção é retomar o velho tema do cinema, que é mostrar homens lutando juntos, que se unem diante do perigo em comum. Ainda mais num espaço tão confinado quanto o de um tanque. Eles são basicamente O Bíblia (Shia, cada vez mais metido e estragando sua carreira), o Gordo (Peña), que é mexicano de origem, Coon Ass (Jon, que veio do Sul dos EUA)  e mais Norman (Logan) recém chegado e que não teve a chance ainda de ganhar apelido. 

Veterano desse gênero de filme, tive dificuldade de encontrar ideias novas, nem mesmo no fato de que soldados nazistas recolhessem crianças (se os pais reclamassem os matavam também) para participar dos últimos ataques obedecendo a ordem do Fuhrer de que todos devem lutar até a morte. Não sei se ainda existe ainda aquele antigo tipo de fã de cinema que gostava do gênero. Até porque já fazem 70 anos do fim do conflito e os atuais são muito mais explícitos (embora possivelmente morram menos gente). De qualquer forma me pareceu que é o tipo da história antiquada e descartável. Não há toa que não teve qualquer premiação.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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