CINEMA CULT EM DVD: A Cruz de Ferro
Em 1943, no auge da Segunda Guerra, Rolf Steinereh promovido a sargento e recebe a dura missao de localizar a cruz de ferro de um tenente morto em combate. Steiner desloca um grupo de homens destemidos, sem saber o que encontrara pelo caminho
A cruz de ferro (Cross of iron). Reino Unido/Alemanha, 1977, 132 minutos. Guerra. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Sam Peckinpah. Distribuição: Classicline (DVD de 2022)
Sam Peckinpah (1925-1984) dirigiu com muita dificuldade esse filme de guerra violento, considerado por Orson Welles um dos melhores do tema já produzidos no cinema. O diretor de obras-primas como “Meu ódio será sua herança” (1969) e “Sob do domínio do medo” (1971) demorou para levantar recursos financeiros para o projeto, e estava consumido pelo álcool (Peckinpah era viciado em bebida). Mas nada disso atrapalhou a conclusão desse filme visceral, produzido no Reino Unido e na Alemanha Ocidental e rodado na antiga Iugoslávia. A complexa trama, baseada no livro do alemão Willi Heinrich, traz um sargento recém-nomeado que recebe a missão quase suicida de satisfazer o ego de um melancólico capitão nazista, de obter a cruz de ferro de um tenente morto. Vale destacar que a tal cruz de ferro era uma condecoração militar única e preciosa, originalmente do Reino da Prússia e depois utilizada no Império Alemão e objeto de desejo no Terceiro Reich, exclusiva dos tempos de guerra. Receoso quanto à missão, o sargento reúne homens para se jogar no front para encontrar a almejada cruz.
Com cenas típicas do diretor, de tiros e mortes em câmera lenta (característica fecunda do cineasta), e um vasto material de arquivo (vídeos e fotos da Segunda Guerra Mundial, no caso), tem um humor cínico e reviravoltas marcantes. Quebra o estereótipo dos nazistas vilões para mostrá-los como soldados quaisquer em meio à dureza de uma guerra. Fala da truculência dos inimigos (no caso os soviéticos e os americanos) e das artimanhas de sobrevivência no meio do caos. Um dos mais complexos personagens da história é o capitão Stransky (interpretado pelo ótimo Maximilian Schell), um homem já cansado da guerra que envia a tropa atrás da cruz somente para satisfazer seu ego e honrar o nome da família (e também de ganhar mais um item para sua coleção particular).
Complementam o time de astros e estrelas James Coburn, James Mason, David Warner e Senta Berger. Teve uma continuação bem inferior dois anos depois, “Ruptura das linhas inimigas” (1979), com novo diretor, produtor e elenco (incluindo Richard Burton e Rod Steiger).
Saiu em diversas edições em DVD no Brasil e recentemente a melhor delas foi disponibilizada ao público, a da Classicline, com metragem estendida, de 132 minutos – a mais comum de se ver é a de cinema, de 119 minutos.
Sobre o Colunista:
Felipe Brida
Jornalista e especialista em Artes Visuais e Intermeios pela Unicamp. Pesquisador na área de cinema desde 1997. Ministra palestras e minicursos de cinema em faculdades e universidades. Professor de Semiótica e História da Arte no Imes Catanduva (Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva) e coordenador do curso técnico de Arte Dramática no Senac Catanduva. Redator especial dos sites de cinema E-pipoca e Cineminha (UOL). Apresenta o programa semanal Mais Cinema, na Nova TV Catanduva, e mantém as colunas Filme & Arte, na rede "Diário da Região", e Middia Cinema, na Middia Magazine. Escreve para o site Observatório da Imprensa e para o informativo eletrônico Colunas & Notas. Consultor do Brafft - Brazilian Film Festival of Toronto 2009 e do Expressions of Brazil (Canadá). Criador e mantenedor do blog Setor Cinema desde 2003. Como jornalista atuou na rádio Jovem Pan FM Catanduva e no jornal Notícia da Manhã. Ex-comentarista de cinema nas rádios Bandeirantes e Globo AM, foi um dos criadores dos sites Go!Cinema (1998-2000), CINEinCAT (2001-2002) e Webcena (2001-2003), e participa como júri em festivais de cinema de todo o país. Contato: felipebb85@hotmail.com