Promessas de Guerra (The Water Diviner)
Este é o primeiro longa de ficção como diretor do astro Russell Crowe, com resultado médio, não chega a emocionar como devia, nem irritar como poderia
Promessas de Guerra (The Water Diviner)
Austrália, 14. 111 min. Direção de Russell Crowe. Roteiro de Andrew Knight, Andrew Anastasios. Com Russell Crowe, Olga Kurylenko, Jai Courtney, Yilmaz Erdogan, Cem Yilmaz, Dylan Georgiades, Isa bel Lucas, Ryan Corr, James Fraser, Ben O´Toole.
Este é o primeiro longa de ficção como diretor do astro Crowe (ele fez antes curtas e documentário) que parece ter se dedicado ao projeto que tem especial importância para o público australiano. Seria bom que o espectador tivesse visto antes um filme antigo, que foi dos primeiros êxitos de Mel Gibson, depois de Mad Max: o Gallipoli, 81, de Peter Weir, que contava em detalhes como foi a terrível batalha na Turquia, durante a Primeira Guerra Mundial, na chamada batalha de Gallipoli, que foi das piores derrotas daquele país, até hoje lamentada.
Se aquele filme mostrava em detalhes o desastre que foi o embate e o massacre dos jovens australianos, Crowe resolve pegar outro desvio da história. Ele faz um fazendeiro australiano Joshua Connor que vai justamente para a Turquia, para conseguir encontrar o cadáver dos três filhos que morreram no conflito e tentar entender como foi que eles foram sacrificados (o filme ganhou da Academia Australiana os prêmios de melhor filme e melhor coadjuvante Yilmaz Degorgan). E o filme foi lançado nos EUA em 24 de abril que lembrava o centenário da tragédia de Gallipoli (por coincidência no mesmo dia do massacre dos armênios!).
Connor encontra em Istambul um insensível oficial britânico e uma bela viúva turca. Eventualmente encontrará um oficial turco que o irá ajudar. Houve críticos que reclamaram que o roteiro sintetizou alguns detalhes, mudou informações para a conveniência da história que queriam contar. Mas é sempre assim em filmes do gênero, e este aqui passa meio por cima de todos os detalhes, se fixando naquilo que você já esperava desde o começo. O resultado é médio, não chega a emocionar como devia, nem irritar como poderia.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.