Maggie, A Transformao (Maggie)
Porque os fs do brutamontes Terminator iriam querer ver um drama pesado sobre filhos zumbis?
Maggie, A Transformação (Maggie)
EUA, 15. 95 min. Direção de Henry Obson. Roteiro de John Scott 3. Com Arnold Schwarzenegger, Abigail Breslin, Joely Richardson, Douglas M. Griffin, J.D. Evermore, Rachel Whitman Groves, Jodie Moore, Denise Williamson.
Foram necessários 19 produtores (incluindo Arnold e roteirista) para fazer este filme que mal estreou nos cinemas americano e foi direto para VOD (Video On Demand). É o primeiro roteiro desse tal de Scott 3 - cuja profissão é ser engenheiro da NASA - e também a estreia como diretor de Henry Obson (que era designer de títulos e fazia vídeo games). Ou seja, foi mais outro fracasso no plano de retorno de Arnold ao sucesso no cinema (este rendeu nas salas apenas 138 mil dólares para um orçamento de 4 milhões e meio, também porque o novo Terminator que foi melhor no exterior do que nos EUA).
O projeto inicial era para ser com o inglês e pouco conhecido Paddy Considine e Chloe Grace Moretz. Melhor ir logo avisando que este (infelizmente) não é bem um filme de Zombies e apesar da presença do astro Arnold -mesmo que barbudo - tampouco é um filme de ação. Mas um drama sisudo que se leva a sério sobre a tragédia de um pai Wade que tenta salvar a filha de 16 anos que fugiu de casa, justamente quando todo o país esta sendo vitima de epidemia causada por um vírus que esta transformando as pessoas em Zombies que se alimentam de seres humanos! Colocar fogo nos carros, nas plantações, seria uma possível cura. Mas em geral as vitimas são colocadas em quarentena até a morte certa.
Infelizmente como história de zumbi o filme é um fracasso, nada assustadores, eles aparecem e são poucos e mal aproveitados, ainda mais quando já nos acostumamos com a eficiente versão da televisão (TheWalking Dead). Este é um drama sombrio e escuro, narrado com lentidão, repetitivo, mostrando o conflito de Arnold como o pai (a ultima coisa que se pode pedir a ele é representar alguém sensível como este pai que tem a desagradável missão de matar a filha pouca antes dela virar monstro. Arnold sabe fazer um robô, até comédia, mas amor paternal não é seu forte). Acompanhamos com impaciência o desenrolar da situação que não tem qualquer novidade. Ele recolhe a filha, leva para a casa, ela tem uma crise quando um colega adolescente também esta contaminado e caçado pela polícia. Nem a mãe ajuda porque Joely Richardson ficou a cara da mãe Vanessa Redgrave mas não herdou seu talento.
A tendência é culpar mesmo o diretor inexperiente, que não sabe construir as situações com emoção ou maior sensibilidade. Pensei que dada a sua origem ao menos conseguiria criar momentos belos esteticamente. Mas nada disso sucede. Agora me explique porque os fãs do brutamontes Terminator iriam querer ver um drama pesado sobre filhos zumbis?
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.