RESENHA CRTICA: A Senhora da Van (Lady in the Van)
Confesso que a atriz Maggie um dos meus dolos e seu trabalho aqui dos mais sinceros e difceis
A Senhora da Van (Lady in the Van)
Inglaterra, 15. 1h44 min. Direção de Nicholas Hytner . Roteiro de Alan Bennett baseado em peça de sua autoria, inspirada em fatos reais. Com Maggie Smith, Alex Jennings, Jim Broadbent, Clare Hammond, George Fenton,Dominic Cooper, James Corden, Frances de la Tour, Stephen Campbell Moore, Alan Bennett (na sequência final).
Havia muita expectativa em torno desta comédia dramática por causa da atual popularidade da genial atriz inglesa Maggie Smith, vencedora de 2 Oscars e presença forte na série que se encerra Downtown Abbey. Ela é um monumento de ironia, discrição e talento, que já demonstrou numa carreira de muito sucesso no cinema e teatro. Sendo este um dos raros papeis principais agora aos 81 anos. Infelizmente o filme só chegou a lhe dar indicação ao Globo de Ouro e ao BAFTA, mas ficou esquecido do Oscar. Em parte porque não é exatamente uma comédia, e o mau humor do personagem pode contaminar. O fato é que o roteiro do grande Alan Bennett é bem irregular e por vezes infeliz. Bennett escreveu As Loucuras do Rei George (indicado ao Oscar), Meu Reino por um Leitão (com Maggie), No Amor e na Guerra e o pouco visto Fazendo História (eles resolveram fazer uma brincadeira e colocaram todo o elenco sobrevivente da peça fazendo pequenas aparições gente como Dominic Cooper e James Corden, atual apresentador de sucesso na TV americana. Que brasileiro não vai perceber. Ele mesmo faz uma aparição na cena final pedalando!). Outros erros que só confundem é colocar uma moça que faz a heroína Grace jovem que não se parece nada com Maggie e fazer com que o protagonista escritor teatral (que é inspirado em Bennett) fosse vivido pelo mesmo ator em dupla personalidade (o que só confunde, ele fica conversando consigo mesmo sem necessidade). Só serve para diluir as situações.
Maggie faz Miss Sheperd, uma velha excêntrica que vive num carro perua há alguns anos atrás (já que fica na mesma rua de bairro londrino cerca de 25 anos, quando praticamente todos os vizinhos e mesmo os assistentes sociais são bem pacientes com suas idiossincrasias). Na parte final revelam-se seus segredos mas nenhum dele é muito surpreendente e Maggie é apresentada sem qualquer glamour.É um papel que ela faz para valer, até com certa crueza. Faz o oposto da boa velhinha. Isso deve ter prejudicado o filme que mesmo assim chegou a render quase 6 milhões de bilheteria nos EUA.
Confesso porém que Maggie é um dos meus ídolos e seu trabalho aqui é dos mais sinceros e difíceis. Uma joia da Cultura britânica.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.