Ricki and the Flash: De Volta para Casa (Ricki and the Flash)

Embora o filme seja agradável e mesmo divertido, Meryl Streep é a única razão de se assistir esta comédia romântica

03/09/2015 14:00 Por Rubens Ewald Filho
Ricki and the Flash: De Volta para Casa (Ricki and the Flash)

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Ricki and the Flash: De Volta para Casa (Ricki and the Flash)

EUA, 15.101 min. Direção de Jonathan Demme. Roteiro de Diablo Cody. Com Meryl Streep, Kevin Kline, Mammie Gummer, Rick Springfield, Joe Vitale, Bernie Worrell, Ben Platt, Bill Irwin, Sebastian Stan,  Nick Westrate, Audra MacDonald,  Charlotte Rae, 

Já é lugar comum se elogiar Meryl Streep  e afirmar que qualquer filme com ela vale a pena. Sua presença eclética (nunca se repete) e brilhante, é a única razão de se assistir esta comédia romântica que vai beber em diversas e antigas fontes do cinema (o que me lembrou foi de cara o Stella Dallas, clássico romântico com casal separado e filha que despreza a mãe). Mas a razão do roteiro ser tão fraco e não saber desenvolver direito os personagens (como o ex-marido feito pelo exemplar Kevin Kline) é que foi escrito pelo blefe Diablo Cody, que ganhou um Oscar de roteiro por Juno, 07 e depois só errou sucessivamente em Jovens Adultos, 11, Garota Infernal (que também dirigiu, que ela mesmo reconhece foi um erro, 09). Quanto a Meryl, o filme tem uma razão especial para ela estrelar aqui : é que traz como sua própria filha, sua herdeira Mammie Gummer, que é uma Meryl Feia e sem brilho (não má atriz, apenas sem vida). Ou seja, por ela, aproveitou a chance de também voltar a cantar no cinema, coisa que já fez vparias vezes (ultimamente em Os Caminhos da Floresta) só que desta vez como roqueira, demonstrando uma nova faceta de sua versatilidade.

Curiosamente o filme não foi bem nos EUA, para um orçamento modesto de 18  milhões até agora não rendeu mais de 23. O que também é pouco se considerarmos que o trabalho é assinado por Jonathan Demme, que já foi dos grandes do cinema. Volto a minha velha teoria de que os cineastas não duram mais do que 10,15 anos de apogeu e passam a decair (Bergman foi exceção mas prevendo isso se aposentou antes, Fellini também falhou em seus últimos filmes, Spielberg virou mais produtor) . No seu auge Demme fez o magnífico O Silencio dos Inocentes (que lhe deu o Oscar), Filadélfia,  antes disso os cults De Caso com a Máfia e Totalmente Selvagem e alguns musicais (ele aproveita inclusive músicos do filme Stop Making Sense para fazerem parte da banda aqui, além de empregar vários parentes!).

Embora o filme seja agradável e mesmo divertido, Demme não lhe acrescentou muito, deixando tudo nas costas de Meryl, tornando tudo o mais secundário. Ela faz uma mulher casada com três filhos que larga a família (isso nunca é mostrado) para se tornar roqueira e gravar disco. Agora vive com dificuldade tocando em barzinhos da Califórnia, embora tenha a sorte de ter encontrado um músico mais jovem que a ama (a volta de outro roqueiro Rick Springfield, australiano que em 1984 estrelou Um Homem Impossível de Amar e depois fez muita televisão inclusive o recente True Detective. Muito maquiado  funciona como mero adereço romântico.

Tudo muda quando o ex-marido telefonou dizendo que a única filha (justamente Mammie) tentou se  matar quando o marido a deixou por outra! Ricki aceita o chamado e vem visitar a mansão da família embora seja mal recebida pelos filhos (um deles, gay a acusa de homofóbica!, o outro o Sebastian Shaw, que fez o papel do Soldado Invernal, está prestes a se casar). A presença da mãe ate ajuda mas quem retorna é a atual esposa que na verdade os criou e é interpretada  pela grande estrela da Broadway, recordista de Tonys, Audra MacDonald, que tem praticamente apenas um longo texto a dizer (mas a escolha dela para o papel soa falsa e demagógica). Enfim, SPOILER , nada explica o final precipitado no pior estilo americano tudo se resolve como num passe de mágica e todos vivem felizes. O que esperavam de Hollywood, realismo? Já basta termos o tesouro Streep  ainda estrelando filmes aos  63 anos.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de “Éramos Seis” de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionário de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.

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