Pele de Venus (La Venus la Fourrure/Venus in Furs)

Basicamente um exerccio de estilo, demonstra que Polanki ainda sabe cativar e nos envolver

24/09/2015 14:35 Por Rubens Ewald Filho
Pele de Venus (La Venus à la Fourrure/Venus in Furs)

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Pele de Venus (La Venus à la Fourrure/Venus in Furs)

França/Polônia, 2013. 96 min. Direção de Roman Polanski. Com Mathieu Almaric, Emmanuelle Seigner.

Polanski sempre foi um mestre em filmes em ambientes fechados, não necessariamente baseados em peça de teatro, como em sua estreia no clássico A Faca na Água (todo num barco), Repulsa ao Sexo (num apartamento), Armadilha do Destino (um castelo), A Morte e a Donzela (este sim teatral, numa casa). Embora tenha errado feio no filme anterior, Deus da Carnificina, se reabilita aqui na versão da peça de David Ives que fez bastante sucesso na Broadway e chegou a dar um premio Tony para a protagonista Nina Arianda (os atores foram Hugh Dancy e depois Wes Bentley).

Não é difícil explicar a atração de Polanski pela história que é baseada num livro famoso de Leopold Von Sacher -Masoch (1836-1895), que foi quem inspirou a expressão masoquismo. Afinal , o cineasta ate hoje é fugido dos EUA (por ter tido relações com uma menor, ainda que consentida) e sempre lidou com variantes da psicossexualidade (como em Lua de Fel, O Inquilino, O Bebê de Rosemary, mesmo Chinatown). O que eu admirei mais no filme é a fluência da narrativa e a surpresa de ver a mulher de Polanski, a francesa Emmanuelle Seigner (está com ele desde 87, se casaram em 89 e tem dois filhos. Completou agora em junho 48 anos na melhor interpretação de sua carreira).

É um bom achado o começo do filme, uma tarde de chuva em Paris, quando alguém chega a um teatro e ingressa nele (foram utilizados dois teatros um para a externa e outro para os interiores). Ela é Vanda, uma loira madura que se veste de couro negro e poderia ser confundida com uma prostituta e que convence o diretor Thomas a fazer um teste com ela para a montagem de Venus (são apenas dois atores, ele é o bom Mathieu Almaric, de O Escafrando e a Borboleta e Quantum de Solace). Ele também é o adaptador do livro e com muita relutância, vai sendo seduzido pela esperteza e conhecimento de Vanda, que passam a viver os personagens do livro desnudando o mito de Venus Afrodite e a atração /fetiche por peles de animais. Não espere porém grandes ousadias ou cenas fortes, a relação é verbal e básica, não entra em detalhes sadomasoquistas.  

Talvez seja um pouco previsível mas eu embarquei no jogo, que nunca chega ao exagero ou o explicito, é quase onírico e dominado pela figura de Seigner (ela foi indicada ao César, também ator, roteiro, trilha musical - do grande Alexandre Desplat, som e filme. Ganhou como melhor diretor!). Seria basicamente um exercício de estilo, mas demonstra que o veterano realizador (nasceu em 1933 e mesmo assim continua a ser cassado pela justiça americana!) ainda sabe cativar e nos envolver.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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