Peter Pan (Pan)

Há muita luta, perseguição, ação juvenil, mas no todo não convence

08/10/2015 11:46 Por Rubens Ewald Filho
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Peter Pan (Pan)

EUA, 15. 111 min. Direção de Joe Wright. Roteiro de Jason Fuch. Com Levi Miller, Hugh Jackman, Garrett Hedlund, Rooney Mara, Adeel Akhtar, Amanda Seyfried, Kathy Burke, Cara Delevigne.

Sou um confesso admirador de Peter Pan, conforme concebido há mais de um século por seu criador James M. Barrie (1860-77) e realizado para o cinema no famoso desenho animado da Disney, em montagens teatrais musicais na Broadway (geralmente o papel de Peter é feito por garotas inclusive estrelas como Mary Martin, que fez também versão para a TV), e na TV americana (recentemente ao vivo, com Allison Williams e Kelli O´Hara). Houve também várias adaptações para o cinema, com destaque para a poética Em Busca da Terra do Nunca (recém transposta também para a Broadway) com Johnny Depp fazendo o papel de Barrie). Foi Steven Spielberg que dirigiu e produziu Hook, a Volta do Capitão Gancho, 94, com Robin Williams como Peter adulto, Julia Roberts com a fada Sininho (até hoje não me conformei em virar Tinker Bell!) e até Maggie Smith. Depois teve um filme bonito mas de pouco sucesso que foi Peter Pan (Idem, 03) de P.J. Hogan, com elenco britânico menos famoso.

Com tudo isso enchendo nossa imaginação, não é nada fácil enfrentar agora um outro filme grande, super espetáculo de 150 milhões de dólares que apresenta uma história de origem completamente diferente e por vezes oposta (e ainda se dá ao luxo de achar que vai ter continuação), deixando para a próxima aventura, que não parece muito provável, a transformação de Garret Hedlund (que padece da falta de carisma) que faz Hook no que viria a ser o futuro Capitão Gancho! Um detalhe: em certo momento ele cita Errol Flynn, usando chapéu a moda dele!

Como sou admirador do diretor britânico Joe Wright, realizador dos excepcionais Anna Karenina, a obra prima Desejo e Reparação, acredito quando ele disse que só aceitou este projeto já iniciado para contentar o filho pequeno que admirava a ideia. Outro problema foi que ele havia encomendado uma trilha musical para seu amigo Dario Marianelli, mas a rejeitou e o substituiu por outra de John Powell (Como Treinar o seu Dragão). Mas Wright assumiu o filme quando estava pronto o script do ator Fuchs (frequente ator mas que escreveu para cinema apenas A Era do Gelo 4). Acho especialmente desagradável a parte inicial que lembra muito Oliver (Twist), o musical baseado em Charles Dickens, já que os meninos são todos perseguidos por uma freira glutona e maléfica. Entendo que não exista mais o pó mágico que faz todos viajarem já que poderia ser confundido com a cocaína. Ele se tornou então o pó das fadinhas mortas que então ajudaria nos voos. Mas se com um pouco de boa vontade dá para engolir Peter Pan voando, alguém pode me explicar porque diabos os navios, caravelas nadam no espaço como se fossem naves? Como e por que?

Acharam melhor não explicar aliás muita coisa no filme. A imprensa americana tem falado muito mal da escolha de Rooney Mara para fazer a indiazinha Tiger Lily, quando recusaram tanto as nativas americana quanto a Lupita Nyong. E Rooney está fraca e pálida como sempre.

Mas os atores ainda são a melhor coisa do filme. Hugh Jackman esta competente e diferente como o Capitão Barba Negra que seria o vilão titular desta vez. O menino escolhido para protagonista o australiano Levi Miller tem boa aparência e reage sempre da maneira certa. Amanda Seyfried tem aparição tão breve que é difícil reconhecê-la e o mesmo se pode dizer de Delevigne. Fora disso há muita luta, perseguição, ação juvenil, momentos que lembram o recente Mad Max. Mas mesmo agora escrevendo sobre o filme não estou muito convencido e suspeito que ele seja repudiado pelo público.

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de “Éramos Seis” de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionário de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.

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