RESENHA CRTICA: O Valor de um Homem (La Loi Du March)
O problema aquele tradicional como cinema francs. Lento, arrastado, sem fazer qualquer concesso ao espectador
O Valor de um Homem (La Loi Du Marché)
França, 15. 93 minutos. Direção de Stéphane Brize. Com Vincent Lindon, Karine de Mirbeck, Matthieu Schaller, Francoise Anselmi.
Este foi o filme que finalmente consagrou o já veterano ator francês Lindon e que ultimamente tem acertado em filmes como Bem Vindo e Diário de uma Camareira. Embora faça pouco mais do que ficar o tempo todo de cara amarrada e sóbrio, ele ganhou melhor ator no Festival de Cannes e depois também o César (agora porque levou o César de fotografia é um mistério!). O diretor Stéphane Brize, fez antes Mademoiselle Chambon (com Vincent também) e mais um com ele, Uma Primavera com Minha mãe.
O problema é aquele tradicional como cinema francês. Lento, arrastado, sem fazer qualquer concessão ao espectador. São planos longuíssimos, quase sempre fixos (no máximo com correções a direita ou esquerda, mas nenhuma arte de enquadramento) em conversas intermináveis e nem sempre importantes para a história. Mesmo Lindon tem pouco a contribuir a não ser com a mesma cara de preocupado sem altos ou baixos. Ele faz Thierry, que aos 51 anos, perdeu o emprego mas tem que cuidar do filho já adolescente com Síndrome de Down (a mulher dele mal aparece nem para guardar seu rosto). Após 20 meses de desemprego, Thierry consegue um novo trabalho, como segurança num supermercado ou coisa que o valha,como já disse, não se explica muito, deixando o protagonista ter um dilema moral que não me convence nunca. Já que tem que comer e sustentar a casa modesta e a família não poderia se dar ao luxo de querer largar o emprego.
Admito que até que pintam um retrato curioso e triste da classe trabalhadora que chega a meia idade (e que bom que o cinema francês agora enfrenta temas sociais de frente). As cenas em que interrogam fregueses que estavam roubado e quando se faz teste para o empregos são sintomáticas e oportunas. Mas é um filme penoso de se assistir.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.