RESENHA CRTICA: Eu, Daniel Blake (I, Daniel Blake)

Uma pena que no tenha ainda encontrado o pblico que merece!

02/03/2017 22:17 Por Rubens Ewald Filho
RESENHA CRÍTICA: Eu, Daniel Blake (I, Daniel Blake)

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Eu, Daniel Blake (I, Daniel Blake)

Inglaterra, 16. 1h40. Direção de Ken Loach. Roteiro de Paul Laverty. Com Dave Johns, Hayle Squires, Sharon Percy, Briana Shan, Dylan McKiernan.

Foi mal em São Paulo, mas ainda deve estar circulando pelo Brasil afora este mais recente filme do venerável diretor inglês Ken Loach (que já estava com 79 anos – agora já chegou aos 80 anos) que se tornou assim o mais velho cineasta a ganhar a Palma mais importante do mundo. Mas foi injustamente mal recebido (já tinha ganhado outra há não muito tempo, o mediano Ventos da Liberdade, 06, e ele já fez outro trabalho desta vez um documentário In Conversation with Jeremy Corbyn).

Ken que é assumidamente um homem da esquerda à moda antiga fez tantos filmes (51) que fica difícil escolher os melhores, entre eles Kes (que foi o que revelou no Brasil, por Cakoff em 69) e um favorito meu que acho o melhor drama já feito sobre a guerra civil Espanhola (Terra e Liberdade). Mas poucos cineastas ainda vivos tem esse toque genial dele, que é trabalhar com amadores (aqui apenas dois centrais são atores profissionais) e sua habilidade em contar histórias sobre gente comum, em geral da classe operária, os pobres que lutam para sobreviver contra todo o sistema que lhes é negativo.

Este novo filme é dos menos calorosos, menos envolventes, porque não se da ao luxo de ter alívios românticos ou momentos divertidos. É a vida como ela é, não como deveria ser. O anti-herói se chama Blake e trabalha com madeira, agora aos 59 anos. Mas esta tentando se recuperar de um enfarte e fica amigo de uma mãe solteira que tem um casal de filhos (a menina é uma linda mulata). Quando procura as organizações sociais é sempre maltratado, rejeitado, passado para trás, uma vez passa quase 50 minutos esperando uma ligação telefônica no ar (infelizmente se feito no Brasil seria tudo ainda pior e mais trágico). O filme acaba novamente sem concessões. De certa maneira até frio, mas eu fiquei comovido e sensibilizado, assistindo a vida como ela é e não como nos mostra o cinema americano de rotina.

É um trabalho muito especial com os toques do diretor, que, por exemplo, não deixou a atriz Hayley ler o roteiro até o fim, antes da hora, e curiosamente o décimo terceiro filme dele que apresentou concorrente em Cannes. Uma pena que não tenha ainda encontrado o público que merece!

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Sobre o Colunista:

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho

Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de “ramos Seis” de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o “Dicionrio de Cineastas”, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.

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