O Altar do Diabo
Wilbur eh um feiticeiro que elabora um plano diabolico para um ritual de fertilidade. Para tanto, precisa encontrar uma copia fiel do Necronomicon, o livro sagrado dos mortos.
O Altar do Diabo (The Dunwich horror). EUA, 1970, 88 minutos. Terror. Colorido. Dirigido por Daniel Haller. Distribuição: Versatil
Produzido pelo lendário mestre do terror Roger Corman e baseado no conto “O horror de Dunwich”, de H.P. Lovecraft, o filme acaba de ganhar uma excelente cópia em DVD pela Versátil, que o lançou no box “Lovecraft no cinema – volume 3”, junto com três filmes, “A maldição do altar escarlate” (1968), “Herança maldita” (1995) e “Dagon” (2001).
Lovecraft (1890-1937) é ainda hoje um dos autores mais celebrados do terror moderno, responsável por popularizar o gênero na literatura com textos surpreendentes, abrindo o campo para mortos-vivos, demônios, criaturas sanguinárias, experiências sádicas, figuras míticas (por exemplo, o impronunciável Cthulhu) e bruxaria. “O horror de Dunwich”, publicado em 1929, integra o ciclo de Necronomicon (ou no original, em árabe, Al Azif), um livro fictício de magia negra criado pelo próprio autor, que contem rituais para ressuscitar os mortos. No conto original, a história se passa em 1913 no vilarejo de Dunwich, uma comunidade atrasada e supersticiosa. Wilbur é um dos moradores, um jovem que nasceu com feições de bode e espantosamente se desenvolve com rapidez. Ligado à feitiçaria, tem poderes sobrenaturais, e um dia conhece partes do Necronomicon. Começa ali sua jornada em busca do restante do livro para que possa prosseguir com um ritual de bruxaria. Grande parte dos acontecimentos e personagens permanecem nesse bom filme de gênero, originalmente da MGM, e pouquíssimo conhecido do público brasileiro.
Curiosamente este foi o primeiro trabalho de Curtis Hanson (1945-2016) no cinema; ele ajudou no roteiro, tinha então 24 anos, depois se tornou um diretor e produtor, ganhador do Oscar por “Los Angeles – Cidade proibida” (1997). Quem interpreta bem o diabólico protagonista, Wilbur, é Dean Stockwell, ex-ator mirim que fez dezenas de filmes e recebeu indicação ao Oscar de coadjuvante por “De caso com a máfia”. Há participação de Sandra Dee, atriz tipicamente do mundo das comédias românticas, muito confundida com Doris Day, além de aparições rápidas do lendário Ed Begley e da então estreante Talia Shire, irmã de Francis Ford Coppola, que logo se destacaria na trilogia “O poderoso chefão”.
Boa direção de Daniel Haller, de “Morte para um monstro” (1965) e “Buck Rogers no século 25” (1979), e uma excelente fotografia sombria. A forte sequência dos devaneios na cama de Sandra Dee lembram os pesadelos de Mia Farrow em “O bebê de Rosemary”, cujo tema do filme tem vaga semelhança.
Para os leitores de Lovecraft, uma opção altamente indicada.
Sobre o Colunista:
Felipe Brida
Jornalista e especialista em Artes Visuais e Intermeios pela Unicamp. Pesquisador na área de cinema desde 1997. Ministra palestras e minicursos de cinema em faculdades e universidades. Professor de Semiótica e História da Arte no Imes Catanduva (Instituto Municipal de Ensino Superior de Catanduva) e coordenador do curso técnico de Arte Dramática no Senac Catanduva. Redator especial dos sites de cinema E-pipoca e Cineminha (UOL). Apresenta o programa semanal Mais Cinema, na Nova TV Catanduva, e mantém as colunas Filme & Arte, na rede "Diário da Região", e Middia Cinema, na Middia Magazine. Escreve para o site Observatório da Imprensa e para o informativo eletrônico Colunas & Notas. Consultor do Brafft - Brazilian Film Festival of Toronto 2009 e do Expressions of Brazil (Canadá). Criador e mantenedor do blog Setor Cinema desde 2003. Como jornalista atuou na rádio Jovem Pan FM Catanduva e no jornal Notícia da Manhã. Ex-comentarista de cinema nas rádios Bandeirantes e Globo AM, foi um dos criadores dos sites Go!Cinema (1998-2000), CINEinCAT (2001-2002) e Webcena (2001-2003), e participa como júri em festivais de cinema de todo o país. Contato: felipebb85@hotmail.com