A Autofagica Sociedade Brasileira

Homem Onca tenta entender o ponto a que chegou nossa sociedade hoje em dia a partir dos exames de sua autofagia

22/09/2021 02:24 Por Eron Duarte Fagundes
A Autofagica Sociedade Brasileira

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Vinicius Reis partiu duma história familiar (a experiência de seu pai, especialmente) para rodar seu filme Homem onça (2020). Isto lhe dá grande veracidade desde a construção do roteiro (coescrito com Flávia Castro, diretora de Diário de uma busca, 2010), mas também traz alguns limites em sua capacidade de aprofundar temas, situações, personagens. É um belo filme (e necessário) que deixa pontas de insatisfação no curso de sua narrativa.

Sustentado em boa parte pela notável sensibilidade dos intérpretes (Chico Díaz e Silvia Buarque, casados quando foi feito o filme, separaram-se em 2021, mais Bianca Byington, a garota dourada dos anos 80, e Emílio de Mello), Homem onça põe na tela uma história ficcional que remete a uma história acontecida na sociedade brasileira na década de 90, considerado o decênio das privatizações desaguadas pelo governo FHC; a privatização da Vale do Rio Doce, nos anos 90, é transformada no roteiro na privatização da Gás do Brasil obedecendo aos novos ventos que exigiam indivíduos duros capazes de adaptar-se. O que aparece em cena de maneira cortante são as relações autofágicas da sociedade brasileira, os indivíduos se entredevoram; alguns resistem adoentados, como Pedro (Chico Díaz), outros vem a suicidar-se após agredirem a tantos colegas no processo de destruição duma empresa, como Dantas (Emílio de Mello). As mulheres (Sônia, o papel de Silvia, e Lola, vivida por Bianca) são vítimas, rebeldes e salvamentos neste processo diluidor.

Na linha de Piedade (2019), de Cláudio Assis, (onde uma companhia petrolífera privada especula para alterar o ambiente dum lugarejo remoto em nome das possibilidades de lucro), Homem onça tenta entender o ponto a que chegou nossa sociedade hoje em dia a partir dos exames de sua autofagia.

 

(Eron Duarte Fagundes – eron@dvdmagazine.com.br)

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Sobre o Colunista:

Eron Duarte Fagundes

Eron Duarte Fagundes

Eron Duarte Fagundes é natural de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, onde nasceu em 1955; mora em Porto Alegre; curte muito cinema e literatura, entre outras artes; escreveu o livro “Uma vida nos cinemas”, publicado pela editora Movimento em 1999, e desde a década de 80 tem seus textos publicados em diversos jornais e outras publicações de cinema em Porto Alegre. E-mail: eron@dvdmagazine.com.br

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