Gigantes e Miniaturas - O Fascinio Cinematografico pelo Tamanho Humano
A arte de crescer ou encolher no cinema segue encantando, espelhando nossas vaidades, medos e desejos de transcendencia


Dos dramas existenciais às comédias familiares e heróis da Marvel, a arte de crescer ou encolher no cinema segue encantando, espelhando nossas vaidades, medos e desejos de transcendência. Afinal, no escuro da sala, tudo pode mudar de tamanho — menos a nossa imaginação.
Ah, o cinema... essa maravilhosa fábrica de sonhos onde tudo é possível - inclusive brincar com as proporções humanas. Desde os anos 1950, Hollywood (e alguns estúdios europeus mais ousados) nos presenteia com histórias de personagens que encolhem ou crescem de forma absurda, criando não apenas situações inusitadas, mas também metáforas deliciosas sobre o ego, o poder, o medo e, claro, a solidão.
Tudo começou, ou ao menos ganhou forma definitiva, com o icônico The Incredible Shrinking Man (1957), de Jack Arnold. Um clássico absoluto da ficção científica pós-guerra, o filme não era só sobre um homem diminuindo até o tamanho de uma migalha - era sobre masculinidade em crise, medo nuclear e existencialismo. E que final! Poético, tocante e surpreendentemente filosófico para um filme B.
E não podemos esquecer Attack of the 50 Foot Woman (1958), aquela pérola kitsch onde uma mulher traída cresce até virar uma ameaça colossal. Uma vingança feminista avant la lettre, mesmo que envolta em efeitos especiais risíveis. E ainda foi refilmado em 1993, com Daryl Hannah, pior ainda. E o tema ainda fascinou mais mulheres de 15 metros: Attack of the 60 Foot Centerfolds (Altas Confusões, 1995, um pouquinho mais alta...), Attack of the 50 Foot Cheerleader (2012) e Attack of the 50 Foot CamGirl (2022), onde na medida que elas foram “recriadas”, menor foi a qualidade!
Ainda em 1958, um filme relativamente bem realizado, The Fantastic Puppet People (Dr. Encolhedor AKA O Ataque das Pessoas Marionetes), para muitos um dos melhores do gênero.
Em paralelo, tínhamos comédias mais leves como The Amazing Colossal Man (O Monstro Atômico, 1957), que virou praticamente uma piada de si mesmo, ou os desenhos animados que parodiavam essas histórias sem pudor. E War of the Colossal Beast (1958), como sempre pior que o primeiro no tema/gênero (e por ter se levado à sério).
Nos anos 60 e 70, o tom foi mudando. O que era drama passou a ser usado como sátira ou puro entretenimento. Quem não se lembra de Fantastic Voyage (1966), com Rachel Welch de macacão justo, enquanto uma equipe é miniaturizada e injetada dentro do corpo de um cientista? Uma aula de design de produção e imaginação. E lá estava a ficção se encontrando com a medicina - e com o charme das matinês.
Na TV, o grande sucesso foi Terra de Gigantes, até hoje em exibição em canais de TV abertos;
Décadas depois, a Disney trouxe um novo fôlego com a adorável franquia Querida, Encolhi as Crianças (1989). Rick Moranis nos deu um cientista atrapalhado, crianças do tamanho de formigas e um formigão de estimação. Era a volta da miniaturização, mas com afeto, humor e efeitos especiais que, para a época, eram o máximo. E funcionou! Tanto que gerou sequências, brinquedos e até atrações em parques temáticos.
Já nos anos 2000, tivemos a reinvenção do gênero com Homem-Formiga (Ant-Man, 2015), da Marvel. Aqui, a física quântica encontrou o humor irreverente. Não era só encolher, era encolher com estilo, com traje high-tech, robôs gigantes e piadas de Paul Rudd. E o melhor: funcionou tanto visualmente quanto narrativamente. Até o subgênero encontrou seu lugar no universo cinematográfico mais lucrativo de todos os tempos.
É curioso ver como essa obsessão pelo tamanho dialoga com nossas próprias inseguranças e sonhos. Ser pequeno pode significar ser invisível - ou ter acesso a um mundo secreto. Ser gigante pode ser símbolo de poder, mas também de isolamento. E o cinema, com sua lente mágica, continua explorando essas dualidades com criatividade.
Entre metáforas sociais, críticas à ciência irresponsável ou apenas um pretexto para efeitos visuais, esses filmes mostram que, no fundo, o ser humano nunca deixou de se perguntar: “E se eu fosse maior… ou menor?” Uma dúvida tão antiga quanto fascinante - e que o cinema, sempre maior que a vida, continua a explorar com prazer.
Claro que este fascínio não fica com humanos, os mais diversos animais e seres também já foram gigantes ou vice-e-versa, como King Kong, Godzilla e por aí vai... Mas aí é outra história...
Vários destes filmes foram lançados em VHS ou DVD, sendo que alguns ainda estão em catálogo ou são fáceis de se encontrar usados. Como exemplo, O Incrível Homem Que Encolheu está disponível em versão relativamente recente pela Classicline (DVD O Incrível Homem que Encolheu | Classicline - Filmes Clássicos e Edições Especiais em DVD e Blu-ray),Viagem Fantástica pela mesma distribuidora (Coleção Clássicos Sci-Fi (Viagem Fantástica + Viagem ao Centro da Terra) - em Digipack | Classicline - Filmes Clássicos e Edições Especiais em DVD e Blu-ray) Terra de Gigantes na Linestore (TERRA DE GIGANTES - Line Store - Distribuidora de Filmes e Séries em DVD). Homem-Formiga em vários sites, como Homem-Formiga - Vídeo Pérola, Amazon etc. (e sua sequência Homem Formiga e a Vespa).
No streaming, os da Disney Querida Encolhi as Crianças e Homem-Formiga no Disney+. Terra de Gigantes do Oldflix (https://www.oldflix.com.br/ ) e por aí vai...
E você? Tem mais algum filme do gênero para comentar?


Sobre o Colunista:
Edinho Pasquale
Edes "Edinho" Pasquale Landim, administrador de empresas e jornalista brasileiro, reconhecido por sua paixao pelo cinema. Atualmente, atua como editor no site DVD Magazine, onde escreve criticas e analises de filmes. Alem disso, mantem uma colecao pessoal de mais de 14 mil filmes em midia fisica.

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