Dama Dourada (Woman in Gold)
Talvez seu maior merito seja o excelente elenco de apoio e a excelente Helen Mirren
Dama Dourada (Woman in Gold)
Inglaterra/EUA, 2005. 103 min. Direção de Simon Curtis. Com Helen Mirren, Ryan Reynolds, Daniel Bruhl, Tatiana Maslany, Katie Holmes, Max Irons, Charles Dance, Elizabeth McGovern, Antje Traue, Jonathan Pryce, Frances Fisher, Moritz Bleibtreu
São 17 produtores para este filme, mas o que importam mesmo são os Irmãos Weinstein, que devem garantir as indicações para o Oscar para esta história que já rendeu nas bilheterias americanas (50 milhões de dólares em todo o mundo). A indicação ao Oscar como atriz para Helen Mirren é coisa certa, já que a brilhante atriz britânica tem outro excelente trabalho, conseguindo não se repetir. Não faz uma variante da rainha Elizabeth da Inglaterra.
Mas é novamente uma história real. Maria Altmann é uma senhora judia, que descende uma família austríaca muito rica e tradicional que conseguiu escapar do holocausto provocado pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Como a maior parte das vitimas, ela não conseguiu recuperar os bens da família, que era colecionadora de arte, sempre foi recusada com desprezo pelo próprio governo austríaco. Agora ela procura um jovem e não muito experiente advogado (o irregular Ryan Reynolds, assumindo um papel que foi largado por Andrew Garfield) mas que é Randy Schoenberg, neta do famoso do famoso compositor, austríaco. Ambos estão decididos a levar o processo ate o fim, em meados da virada deste século. Para se ter ideia do que lhe foi roubado, a tia dela Adele tinha um colar de diamantes que foi adornar o colo da mulher do chefe nazista Herman Goering. Mas a obra mais importante e mais disputada é Retrato de Adele Bloch-Hauer, pintado por Gustav Klint, justamente para sua família e que com o tempo passou a ser a obra mais famosa da Áustria e, naturalmente, eles fariam tudo para ficar com ela. Símbolo do próprio país.
Quem dirigiu o filme foi o britânico Simon Curtis, que ficou famoso pela série de TV Downtown Abbey e marido da atriz Elizabeth McGovern, que tem uma participação no filme. Aliás, talvez seu maior mérito seja o excelente elenco de apoio quase sempre com atores famosos europeus (curiosamente o script foi feito por um estreante, Alexi Kaye Campbel). O único ponto fraco, o americano Reynolds não chega a estragar o filme, que é todo narrado em flash-backs, em locações autenticas. Lembram-se daquele fraquíssimo Caçadores de Obras Primas, 04, que tratava de assunto semelhante. Pois este é muito melhor, porque focado num processo judicial e liderado pela esplêndida Helen Mirren. Ela torna o filme obrigatório.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho é jornalista formado pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), além de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados críticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veículos comunicação do país, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de São Paulo, além de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a década de 1980). Seus guias impressos anuais são tidos como a melhor referência em língua portuguesa sobre a sétima arte. Rubens já assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e é sempre requisitado para falar dos indicados na época da premiação do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fãs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleção particular dos filmes em que ela participou. Fez participações em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minisséries, incluindo as duas adaptações de Éramos Seis de Maria José Dupré. Ainda criança, começou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, além do título, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informações. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionário de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o único de seu gênero no Brasil.