RESENHA CRTICA: Uma Dama em Paris (Une Estonienne Paris)
Um prazer rever Jeanne Moreau em to boa forma artstica
Uma Dama em Paris (Une Estonienne à Paris)
França, 12. 98 min. Direção de Ilmar Raag. Com Laine Magi, Jeanne Moreau, Patrick Pineau, François Beaukelaers, Fred Epaud.
Há um publico certo da terceira idade, principalmente em São Paulo e Rio, que costumam prestigiar filmes sobre a temática como este. Que também são um reencontro com antigas estrelas que sobreviveram como é o caso de Jeanne Moreau, musa da Nouvelle Vague nos anos 1960 e que fez bela carreira internacional (até no Brasil, Joana, a Francesa de Carlos Diegues). Nascida em 1928, sofreu há alguns anos um derrame que lhe provocou a necessidade de operações plásticas. Mas hoje carrega essas marcas com a habitual classe, como neste filme convencional e previsível, que a presença desta velha dama torna importante. O diretor estreante num filme feito fora de seus país, Ilmar (The Class), é também o mais conhecido e importante da Estônia (também é produtor e empreendedor, a Estônia é lembrada também porque após uma revolta contra os lideres de Moscou, houve uma leva de estonianos que tiveram que emigrar para o exterior).
A historia é inspirada na vida da própria mãe do realizador. A heroína Anne é uma mulher de meia idade, que tem uma vida muito infeliz no interior, quando morre a mãe. Assim aceita com interesse uma proposta de ir morar em Paris com uma velha senhora estoniana (quem a recruta é um ex-namorado desta, agora amigo, que cuida do seu bem estar, dono de um café e por quem esta ainda tem um interesse). Só que naturalmente a velha não aceita a recém-chegada, implicando com tudo (já que não pode ter mais acesso a seu armário de remédios e não se considera nem mais dona de sua própria casa). É uma situação que muita gente enfrenta e que não é difícil de prever, após alguns conflitos irá melhorar.
Mas o filme não é nada sentimental, até mesmo nas discussões mantém seu distanciamento. Na verdade o roteiro é medíocre e tudo se sustenta nem mesmo pelas paisagens de Paris (nunca cartão postal), mas pela interpretação discreta e humana das duas atrizes. Em especial a grande La Moreau (nem a atriz nem o personagem fazem concessões para conseguir a simpatia do personagem, você tem que gostar dela com todos os defeitos e mágoas). Um prazer revê-la em tão boa forma artística.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.