RESENHA CRTICA: A Escolha (The Choice)
A histria leva um tempo enorme para se transcorrer num romance de vai e vem
A Escolha (The Choice)
EUA, 16. Direção de Ross Katz. Com Benjamin Walker, Teresa Palmer, Alexandra Daddario, Maggie Grace,Tom Wilkinson, Tom Welling, Sharon Blackwood.
Não sei por que escolheram Ross Katz como diretor, já que é conhecido um pouco como produtor indicado ao Oscar por Entre Quatro Paredes (01), Encontros e Desencontros de Sofia Coppola. Como diretor fez antes Adultos Inexperientes (14) que não conheço, e o médio telefilme O Retorno de um Herói (Taking a Chance, 09, com Kevin Bacon). O roteiro é de Bryan Sipe (não confundir como homônimo mais conhecido como maquiador premiado de Piratas do Caribe). Este aqui não fez nada de importante como escritor e foi uma escolha infeliz (aproveitando o título) para a adaptação do livro de Nicholas Sparks.
Aliás esse é o problema, estão querendo matar a galinha do ovos de ouro com adaptações cada vez mais fracas, menos populares e com pior elenco da obra do popular Nicholas Sparks. Já são 11 créditos para ele no cinema, mas realmente apenas um que funcionou e hoje é um clássico a sua maneira, o belo Diário de uma Paixão (04) com Gena Rowlands, Ryan Gosling, Rachel McAdams. E este aqui é possivelmente o mais fraco de todos, não tivesse sido o anterior o ainda mais tênue e frouxo, Uma Longa Jornada (14) com o filho de Clint Eastwood.
Os problemas começam com o elenco equivocado. O protagonista é Benjamin Walker que não funcionou como o Abraham Lincoln o Caçador de Vampiros e que fica ainda pior com seu jeito sub Liam Neeson. Ele interpreta um veterinário (filho de outro do mesmo ramo feito pelo britânico e entediado Tom Wilkinson) que se apaixona por sua vizinha médica (a radiante Teresa Palmer, que é especialmente não indicada para mais tarde demonstrar passividade e sofrimento!). Só que ela já é noiva de um médico (que marca a volta ao cinema do antigo Superman, de Smallville, que depois de longo hiato retorna gordo e ainda mau ator. Mas sempre bonitão.
A história leva um tempo enorme para se transcorrer num romance de vai e vem, idas e voltas, mero pretexto para ficar mostrando a paisagem de sempre de seus filmes, já que quase todos reverenciam o lugar natal preferido do autor que North Carolina (em especial Wilmington). Quando tudo parece se resolver, tem mais meia hora de filme quando aliás adquire um certo nível de emoção. Pode ser até que alguém chore... mas pelo jeito é tarde demais porque este filme foi muito mal de bilheteria em seu lançamento americano semana passada (aliás como muitas estreias de Hollywood), nem chegou aos seis milhões e meio de bilheteria.
Sobre o Colunista:
Rubens Ewald Filho
Rubens Ewald Filho jornalista formado pela Universidade Catlica de Santos (UniSantos), alm de ser o mais conhecido e um dos mais respeitados crticos de cinema brasileiro. Trabalhou nos maiores veculos comunicao do pas, entre eles Rede Globo, SBT, Rede Record, TV Cultura, revista Veja e Folha de So Paulo, alm de HBO, Telecine e TNT, onde comenta as entregas do Oscar (que comenta desde a dcada de 1980). Seus guias impressos anuais so tidos como a melhor referncia em lngua portuguesa sobre a stima arte. Rubens j assistiu a mais de 30 mil filmes entre longas e curta-metragens e sempre requisitado para falar dos indicados na poca da premiao do Oscar. Ele conta ser um dos maiores fs da atriz Debbie Reynolds, tendo uma coleo particular dos filmes em que ela participou. Fez participaes em filmes brasileiros como ator e escreveu diversos roteiros para minissries, incluindo as duas adaptaes de ramos Seis de Maria Jos Dupr. Ainda criana, comeou a escrever em um caderno os filmes que via. Ali, colocava, alm do ttulo, nomes dos atores, diretor, diretor de fotografia, roteirista e outras informaes. Rubens considera seu trabalho mais importante o Dicionrio de Cineastas, editado pela primeira vez em 1977 e agora revisado e atualizado, continuando a ser o nico de seu gnero no Brasil.